Greta Thunberg doa 100 mil euros para combater a “injustiça” da desigualdade na vacinação

Fundação da jovem activista contribui com 100 mil euros para o COVAX. “A comunidade internacional deve fazer mais para enfrentar a tragédia que é a injustiça das vacinas.”

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Reuters/Johanna Geron

A Fundação Greta Thunberg contribuiu esta segunda-feira com 100 mil euros para o COVAX, um mecanismo gerido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para universalizar equitativamente a distribuição de vacinas contra a covid-19.

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A Fundação Greta Thunberg contribuiu esta segunda-feira com 100 mil euros para o COVAX, um mecanismo gerido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para universalizar equitativamente a distribuição de vacinas contra a covid-19.

O montante será entregue à fundação da OMS e destina-se a apoiar a partilha de forma equitativa das vacinas contra a doença, que até agora têm sido distribuídas essencialmente pelos países mais desenvolvidos.

Greta Thunberg — a jovem activista sueca que deu origem a um movimento global de jovens para pressionar os governos a tomarem medidas contra o aquecimento global — participou esta segunda-feira na conferência de imprensa regular da OMS de balanço da pandemia, quando foi anunciado que a fundação com o seu nome vai apoiar a partilha solidária de vacinas.

A jovem salientou que actualmente, nos países mais desenvolvidos, uma em cada quatro pessoas, em média, já foi vacinada contra a covid-19 e que, ao contrário, nos países mais pobres, apenas foi vacinada uma em cada 500 pessoas. “A comunidade internacional deve fazer mais para enfrentar a tragédia que é a injustiça das vacinas. Temos os meios à nossa disposição para corrigir o grande desequilíbrio que existe actualmente em todo o mundo na luta contra a covid-19. Tal como na crise climática, devemos ajudar primeiro aqueles que são os mais vulneráveis”, disse.

A jovem começou por salientar que a ciência mostra que no futuro será provável que a humanidade enfrentará mais pandemias se não mudar a sua forma de agir para com a natureza, acrescentando que 75% das novas doenças chegam aos humanos através dos animais.

“Não podemos separar a crise sanitária da crise climática”, disse Greta Thunberg, salientando que há recursos para corrigir as desigualdades do mundo na luta contra a covid-19, e que não é ético que os países mais ricos já estejam na fase de vacinar os jovens, enquanto os países mais pobres ainda nem vacinaram os seus profissionais de saúde.

Questionada pelos jornalistas, a jovem sueca admitiu que a próxima cimeira do clima, em Glasgow, pode não ter os resultados pretendidos. Disse ainda que a saúde é uma prioridade, e acrescentou: “Precisamos de pensar globalmente e não apenas em nós próprios.” As pessoas, insistiu, têm de pensar sobre a forma como tratam os outros, os animais e a natureza, e têm de agir solidariamente para proteger os grupos de risco relacionados com a covid-19. “Proteger os grupos de risco é o que fazemos numa crise.”

Na resposta a diversas perguntas colocadas pelos jornalistas na conferência de imprensa online, a jovem explicou que não está a criticar os mais novos que tomaram a vacina contra a covid-19 ("não diria a ninguém para não tomar a vacina"), mas que a distribuição equitativa de vacinas é um problema que governos e produtores devem resolver.

Em relação à conferência sobre alterações climáticas que o Presidente dos Estados Unidos promove esta semana, a jovem activista frisou que podem fazer-se conferências e belos discursos, mas, disse, o que é preciso é começar a tratar a crise do clima como uma crise.

E questionada sobre a actuação do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em relação ao ambiente, mas também à covid-19 (o Brasil é dos países mais afectados do mundo), Greta Thunberg começou por dizer que prefere não falar de pessoas, mas acabou por afirmar que Jair Bolsonaro “falhou em tomar responsabilidades para preservar as condições de vida actuais e futuras da humanidade”.