Gaia: A Bita of Cake levou as empadas e os bolos para a sua nova casa e “varanda”

Refeições caseiras pré-congeladas ou feitas na hora. Pratos tradicionais com um twist de irreverência que apelam ao paladar dos mais cépticos. As opções são tantas que custa a crer que A Bita of Cake começou na varanda de um rés-do-chão.

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Nelson Garrido

Diz que não é nenhum Gordon Ramsay e que tudo o que aprendeu sobre culinária foi com a avó, que, para além de alimentar a família, “cozinhava para fora por gosto.” E anos depois a história repete-se. O mesmo gosto apoderou-se de Tabita Martinho — mais conhecida por Bita — no confinamento de 2020, quando trocou os pincéis, blush e bâtons que a acompanharam durante 14 anos como maquilhadora e formadora internacional pelas facas, colheres de pau, rolos da massa e demais utensílios de cozinha.

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Diz que não é nenhum Gordon Ramsay e que tudo o que aprendeu sobre culinária foi com a avó, que, para além de alimentar a família, “cozinhava para fora por gosto.” E anos depois a história repete-se. O mesmo gosto apoderou-se de Tabita Martinho — mais conhecida por Bita — no confinamento de 2020, quando trocou os pincéis, blush e bâtons que a acompanharam durante 14 anos como maquilhadora e formadora internacional pelas facas, colheres de pau, rolos da massa e demais utensílios de cozinha.

Tudo começou no açúcar, na farinha e nos ovos, com o famoso Bolo d’A Bita. A receita é fácil: bolo de chocolate com recheio de leite condensado e creme de coco escondidos por uma cobertura de ganache também de chocolate. Quem já o conhecia dizia que “merecia ter uma página”. A página chegou e, pouco tempo depois, chegou também o canal no Youtube, onde dava a conhecer esta e todas as outras receitas, entre as quais as muito solicitadas empadas. Mas como conhecer e provar são coisas diferentes, Tabita começou a vender doces e refeições caseiras congeladas para finalizar no forno à varanda do seu rés-do-chão. “Os primeiros clientes que tive, para além de gostarem do sabor, pensavam ‘Bem, se vai ao forno o vírus morre. Morre tudo’”, revela à Fugas.

As encomendas cresciam de dia para dia ao ponto de confeccionar “mil empadas num fim-de-semana”. A cozinha também já não era suficiente e Tabita percebeu que teria de encontrar um espaço maior para o negócio. Em Fevereiro, em Vila Nova de Gaia, abriu a casa d’ A Bita of Cake, um espaço que serve refeições frescas ou congeladas para quem optar pelos serviços de take-away e entregas.

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As empadas, uma das especialidades da casa, têm um segredo que nunca será revelado Nelson Garrido

O espaço, amplo e luminoso, está longe do centro de Gaia. Estar a um quilómetro dos “clientes da varanda” é tudo quanto basta. Na montra, as duas especialidades da casa — o bolo e as empadas — indicam que chegámos ao nosso destino. Há uma esplanada para ser aproveitada e, no interior, um balcão mostra especialidades do dia, mas os olhos fixam-se logo numa oliveira que cresce no centro de uma mesa. Um espaço familiar e acolhedor: “É como se estivesse a receber as pessoas em minha casa, na minha varanda.”, diz-nos Bita.

O clip board anuncia a ementa, que varia consoante a inspiração do momento e o que existe no mercado. O conceito é simples, mas o que aqui podemos encontrar vai muito para além do casual almoço ou jantar e uma coisa é certa: deixa qualquer um a lamber os dedos. “Gosto de trabalhar o conceito para não ser apenas uma refeição, para ser uma experiência e para que quem saia daqui fique a conhecer este bocadinho que se foi juntando do produto”, explica Tabita.

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Nelson Garrido

E produtos não faltam. Ao residente (e mais pedido) arroz de pato, polvo à lagareiro ou bacalhau espiritual juntam-se, aos sábados, novas combinações gastronómicas servidas na hora como a lasanha de vitela ou o rolo de carne adaptado, razão que explica o facto de os cogumelos serem laminados. “É para os sentirem.” Mas as “experiências”, como gosta de lhes chamar, vão muito além dos pratos principais. Neste espaço, à “comida de conforto” adiciona-se um twist, como o bolo de especiarias e o brunch ideal — “regueifa com ovos mexidos, bacon e cebola por cima”.

Combinações improváveis… até chegarem à mesa

A tarefa é arriscada. O prato vai para a mesa de quem o pede e a aprovação permanece uma incógnita até ao momento da primeira garfada. Se a nova criação volta ocasionalmente ou passa a residente é uma decisão que fica a cargo de quem tem sempre razão — o cliente. “Nunca provo o que cozinho, só cheiro. Assim como também só cozinho o que como, o que eu não gosto não consigo fazer”, conta a cozinheira.

Se vai ao mercado e a fruta é agradável à vista faz smoothies e cheesecake de perna de pau. O famoso bolo passou ao individual Bita em Taça. Individuais são também as tartes de caramelo e chocolate, cujo sucesso já chegou aos ouvidos e paladar da marca de café Delta, que quer criar uma nova bebida inspirada neste doce. “Foi uma proposta deles e só há mais um estabelecimento em Portugal, que é um hotel em Bragança cujo restaurante tem estrela Michelin, que tem duas bebidas feitas de propósito para ele. Portanto, para mim, que venho da varanda, ter direito a uma coisa dessas…”

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As tartes de caramelo e chocolate vão servir de inspiração para uma nova bebida da Delta Nelson Garrido

A frase ficou por completar e é sempre assim quando a conversa segue na direcção do sucesso - que alcançou em tão pouco tempo que diz não saber explicar. Se lhe perguntarmos as receitas, diz-nos de bom grado. A maioria leva queijo mozarela e bacon “até nas sobremesas”, assim como o leite condensado e o chocolate. O que fica e ficará sempre por dizer é o segredo da massa das empadas (1 euro cada uma, com uma compra mínima de quatro de cada sabor). Há para todos os gostos e tamanhos: camarão, francesinha, frango com cogumelos, vitela, hot dog, maçã, legumes, alheira com chutney de cebola, bacon com cogumelos ou cogumelos com Camembert são os de hoje, mas, quem sabe, amanhã poderá ter outra novidade congelada ou acabada de sair do forno, pronta a ser provada.

Para Tabita, A Bita of Cake é um espaço de partilha. Uma partilha que faz com produtores locais através de parcerias. Vinho ou cerveja artesanal, croissants, bolo de cacau ou rabanadas poveiras são visitas diárias.

Quanto a voltar a trabalhar como maquilhadora, é algo que não está fora de questão, mas, garante, é “para se fazer de vez em quando”. “Antigamente fazia um bolo de vez em quando, agora vou dando umas pinceladas de vez em quando”, conclui.

Texto editado por Luís J. Santos