Um momento de publicação independente: Lost Prayers
Fanzines, edições de autor, livros de artista — nesta rubrica queremos falar de publicação independente. José Oliveira apresenta Lost Prayers.
Apresenta-nos a tua publicação.
É um livro de artista, uma obra de arte em que o suporte era um livro impresso para crianças. A minha pesquisa, desde há muitos anos, centra-se na reinvenção do livro, já não como objecto ou produto mas como meio para uma expressão visual, uma síntese entre as linguagens visual e escrita.
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Apresenta-nos a tua publicação.
É um livro de artista, uma obra de arte em que o suporte era um livro impresso para crianças. A minha pesquisa, desde há muitos anos, centra-se na reinvenção do livro, já não como objecto ou produto mas como meio para uma expressão visual, uma síntese entre as linguagens visual e escrita.
Quem são os autores?
Apenas eu, José Oliveira.
Do que quiseste falar?
Este livro põe em diálogo e/ou confronto uma página em que a ferrugem como que decompõe o livro ou anuncia a sua degradação (neste caso, a oxidação aleatória permitiu-me obter diversos tipos de texturas com densidades distintas) e, nas páginas do lado direito, o seu oposto visual: a forma dominante é o círculo, mas assente em fragmentos de jornal e pintado com spray em jacto indirecto e controlado, segundo técnicas por mim inventadas. O círculo, em oposição à aleatoriedade da oxidação, simboliza o centro harmonioso e a forma justa ou a zona invisível onde o equilíbrio nasce e morre. É um lugar de pausa e regresso ao início mas, neste caso, com um muito precário equilíbrio, distante de quaisquer tentações de “seita mental”, se me faço entender. O título, Lost Prayers, refere-se a a uma invocação ou prece há muito perdida, a uma espécie de pedido de auxílio a divindades extintas há muitos séculos. Alguém que se vê de súbito perante a iminência da extinção, ou, talvez melhor ainda, às orações milenares em línguas há muito desaparecidas. É, evidentemente, um livro pagão, tenta “falar” com deuses imaginários.
Questões técnicas: quais os materiais usados, quantas páginas tem, qual a tiragem e que cores foram utilizadas?
Os materiais foram colagem, sprays, ferrugem e tinta acrílica. Tem 13 páginas, é um exemplar único e as cores escolhidas foram o branco, dois diferentes tons de castanho e os tons variáveis da ferrugem. Para a capa, escolhi o ouro antigo e preto opaco acrílicos.
Onde está à venda e qual o preço?
Está à venda no meu atelier e o preço são 1000 euros + IVA.
Porquê fazer e lançar edições hoje em dia?
Com todo o respeito por quem se dedica às edições, o meu trabalho é apenas com exemplares únicos.
Recomenda-nos uma edição de autor recente lançada em Portugal.
Recomendo dois: As edições do artista César Figueiredo do Porto, mais conhecido por Art&Tal, e também as magníficas e muito limitadas edições do poeta Luís Quintais, na Ugly Books.