Fabricante de vacinas indiano pede a Biden para pôr fim a embargo de matérias-primas
No meio da maior vaga de crescimento de pandemia na Índia, começam a faltar vacinas e uma medida proteccionista tomada pelos Estados Unidos está a dificultar a vida à luta contra o coronavírus.
Depois de ter vendido milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para o estrangeiro, a Índia está com falta de vacinas, num momento em que o número de novas infecções nunca foi tão alto. Estão a faltar matérias-primas para fabricar vacinas, e o problema está num embargo decretado pelos Estados Unidos em Janeiro, através de uma ordem executiva assinada pelo Presidente Joe Biden, que tinha como objectivo facilitar o abastecimento dos EUA de vários produtos considerados essenciais para lutar contra a pandemia.
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Depois de ter vendido milhões de doses de vacinas contra a covid-19 para o estrangeiro, a Índia está com falta de vacinas, num momento em que o número de novas infecções nunca foi tão alto. Estão a faltar matérias-primas para fabricar vacinas, e o problema está num embargo decretado pelos Estados Unidos em Janeiro, através de uma ordem executiva assinada pelo Presidente Joe Biden, que tinha como objectivo facilitar o abastecimento dos EUA de vários produtos considerados essenciais para lutar contra a pandemia.
O administrador da empresa Serum Institute, o maior fabricante de medicamentos genéricos do mundo, e que é também o maior produtor autorizado da vacina da AstraZeneca, dirigiu-se directamente ao Presidente Joe Biden no Twitter nesta sexta-feira, pedindo-lhe que modifique o decreto que assinou em Janeiro que dava ordem a várias agências governamentais dos EUA para que pusessem em prática a Lei de Defesa da Produção, que essencialmente cria uma situação excepcional, como se o país estivesse em guerra, explica o Financial Times.
“Respeitado @POTUS, se nos vamos de facto unir para bater este vírus, em nome da indústria das vacinas fora dos EUA, peço-lhe humildemente que levante o embargo sobre a exportação de matérias-primas, para que a produção de vacinas possa aumentar”, escreveu no Twitter, dirigindo-se ao Presidente dos Estados Unidos com a tag @POTUS, o administrador do Serum Institute, Adar Poonawalla.
O decreto de Biden diz respeito a vários bens considerados essenciais para lutar contra a pandemia de covid-19, incluindo testes para o coronavírus, máscaras N95, seringas para vacinas, reagentes, luvas de nitrilo, túnicas isolantes, pipetas e máquinas de análise laboratorial, entre outros equipamentos, disse em Janeiro Jeff Zients, o coordenador da task-force do Presidente Biden para a covid-19, citado pelo Financial Times.
“Há uma longa lista de matérias-primas que importamos dos EUA – filtros, sacos, alguns meios de cultura, etc. Arranjar novos fornecedores em cima da hora é algo que vai demorar. Vamos fazer isso. Não vamos ficar dependentes dos EUA durante seis meses. Mas o problema é que precisamos destas coisas agora”, disse Poonawalla à publicação Indiana Business Standard.
Na Índia, o ritmo de vacinação atingiu o pico com 4,5 milhões de doses diárias a 5 de Abril, mas desde então estão a cair para três milhões por dia, de acordo com o portal do Governo sobre a covid-19, citado pela agência Reuters. As vacinas da AstraZeneca produzidas pelo Serum Institute representam 91% das 115,5 milhões de doses já administradas no país – mas a empresa tem dito que o aumento da produção está a ser travado pela falta de matérias-primas.
O Governo indiano diz ter um stock de 30 milhões de doses de vacinas – o que deve chegar para dez dias. O objectivo era vacinar 300 milhões de pessoas até Julho. Esta semana foi autorizada na Índia a vacina russa Sputnik V, que será fabricada localmente, embora se espere que alguma quantidade possa ser importada já este mês - a Reuters fala em doses para 125 milhões de pessoas. O Governo de Narendra Modi também apelou à Pfizer-BioNtech, à Moderna e à Johnson & Johnson para que peçam autorização para serem utilizadas na Índia.
É que neste mês a Índia é o país que tem mais casos de infecção pelo novo coronavírus em todo o mundo, com um total de 14,3 milhões, e os novos casos estão a surgir ao ritmo de 200 mil por dia. Neste momento, só os Estados Unidos têm mais casos.