Covid-19 em Portugal: mais oito mortes e 684 infectados
Com o crescimento dos indicadores, Portugal pode chegar à zona de risco em duas semanas, segundo as previsões avançadas pelo especialista Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Portugal registou mais oito mortes e 684 novos casos de infecção pelo novo coronavírus (o que corresponde a um aumento de 0,08%), de acordo com os dados mais recentes da Direcção-Geral da Saúde.
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Portugal registou mais oito mortes e 684 novos casos de infecção pelo novo coronavírus (o que corresponde a um aumento de 0,08%), de acordo com os dados mais recentes da Direcção-Geral da Saúde.
Há menos 12 pessoas internadas nos hospitais portugueses, contabilizando-se agora um total de 447 pacientes hospitalizados com covid-19. Registam-se também menos duas pessoas com a doença em unidades de cuidados intensivos, num total de 116.
Divulgados no boletim desta quarta-feira da Direcção-Geral da Saúde, os dados correspondem à totalidade de terça-feira. No total, o país contabiliza 16.931 óbitos por covid-19 e 828.857 casos confirmados desde Março.
Segundo os dados que constam do boletim, o Norte soma 39% dos novos casos reportados nesta quarta-feira, tendo registado mais 265 infectados e três mortes. Já a região de Lisboa e Vale do Tejo contabiliza mais 188 casos (27%) e cinco vítimas mortais.
Recuperaram da doença mais 660 pessoas, contabilizando-se agora um total de 786.469 recuperados. Há ainda a registar mais 16 casos activos de infecção, num total de 25.457.
O país encontra-se próximo da zona amarela da matriz de risco. Os rectângulos da matriz que colocamos no topo deste artigo ditam o avanço (ou recuo) das diversas fases do desconfinamento e combinam a incidência do vírus — o número de casos por cada cem mil habitantes — com o índice da transmissibilidade, o R(t) — o número de casos de infecção a que uma pessoa com covid-19 dá origem. Se os indicadores chegarem à zona amarela ou vermelha, a reabertura da sociedade e da economia poderá ser travada ou revertida.
A matriz de risco foi actualizada nesta quarta-feira e dá conta de um ligeiro aumento tanto do índice de transmissibilidade como da incidência. O R(t) a nível nacional é de 1,06 e, no continente, é de 1,05. Já a incidência a 14 dias por cem mil habitantes é de 72,4 casos a nível nacional e 69 quando se analisam apenas os registos do território continental. Esta matriz de risco é actualizada às segundas, quartas e sextas-feiras.
Com o crescimento destes indicadores, Portugal pode chegar à zona de risco em duas semanas, segundo as previsões avançadas pelo especialista Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, no ponto de situação sobre a pandemia feito nesta terça-feira na sede do Infarmed, em Lisboa. O país poderá ultrapassar os 120 casos por cem mil habitantes, afirmou, dizendo que também o índice de transmissibilidade tem registado um “aumento sistemático” nas últimas semanas.
As oito vítimas mortais identificadas nos dados desta quarta-feira incluem um homem entre os 50 e os 59 anos; um homem entre os 60 e os 69 anos; um homem entre os 70 e os 79 anos; e três homens e duas mulheres com mais de 80 anos — a faixa etária mais afectada em termos de óbitos. A taxa de letalidade da covid-19 em Portugal é de 2%.
O Norte contabiliza um total acumulado de 332.900 casos confirmados desde o início da pandemia, sendo a zona do país com maior número de infecções. Seguem-se Lisboa e Vale do Tejo, com 314.000 casos; o Centro, com 117.922 casos (mais 66 em relação ao dia anterior); o Alentejo, com 29.465 casos (mais 43) e o Algarve, com 21.246 infectados (mais 66). O arquipélago dos Açores regista um total de 4420 casos de infecção (mais 23) e a Madeira contabiliza 8904 casos (mais 33).
Lisboa e Vale do Tejo regista 7179 mortes por covid-19 acumuladas desde Março e a região norte 5326. O Centro mantém-se com 3004 mortes causadas pela doença, o Alentejo com 970 e o Algarve com 355 — estas três regiões não reportaram nenhuma vítima mortal nesta quarta-feira, assim como os arquipélagos dos Açores e da Madeira, que se mantêm com um total de 29 e 68 mortes por covid-19, respectivamente.
Portugal fora de tendência europeia “preocupante” de infecções e mortes
Ainda assim, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) estima que a União Europeia (UE) regista médias de 500 casos de covid-19 por cem mil habitantes, que deverão levar a subidas nas mortes, mas afirma que Portugal foge à regra.
“Avaliando com base em todos os indicadores, a situação na grande maioria dos países da UE é motivo de grande preocupação, excepto em alguns países, e Portugal está entre aqueles em que consideramos que a situação é estável”, afirmou em entrevista à agência Lusa o responsável pela unidade de Emergência de Saúde Pública do ECDC, Piotr Kramarz.
Ressalvando que esta análise tem por base a taxa de notificação de novos casos a 14 dias, Piotr Kramarz observou que, com “a taxa crescente de casos relatados […], é de esperar que, dentro de algumas semanas, ou talvez mesmo na próxima semana, se comece também a ver um aumento da mortalidade”, isto numa altura em que o número de internamentos e de entradas nos cuidados intensivos “permanece muito elevado”.
Fora deste contexto está Portugal, de acordo com o especialista: “Depois de alguns aumentos bastante acentuados em Fevereiro, os casos notificados em Portugal têm vindo a diminuir.”
A posição de Piotr Kramarz surge numa altura em que, após dois meses de confinamento rigoroso que levaram a uma redução acentuada do número de infecções, Portugal começa a reabrir alguns sectores, num levantamento gradual das restrições.