Navio que bloqueou o Suez impedido de seguir viagem enquanto não pagar 916 milhões de dólares
Autoridade do Canal do Suez quer ser ressarcida pelos prejuízos causados pelo encalhamento do Ever Given e obteve ordem judicial para o manter retido no Grande Lago Amargo.
Desencalhado há mais de duas semanas, depois de seis dias paralisado no Canal do Suez, uma das vias de transporte marítimo mais movimentadas do mundo, ainda não é desta que o porta-contentores Ever Given poderá seguir a sua viagem rumo ao porto de Roterdão, nos Países Baixos.
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Desencalhado há mais de duas semanas, depois de seis dias paralisado no Canal do Suez, uma das vias de transporte marítimo mais movimentadas do mundo, ainda não é desta que o porta-contentores Ever Given poderá seguir a sua viagem rumo ao porto de Roterdão, nos Países Baixos.
A Autoridade do Canal do Suez (SCA) exige à empresa japonesa Shoei Kisen, detentora do navio, uma compensação de 916 milhões de dólares (cerca de 766 milhões de euros), e obteve uma ordem judicial de um tribunal egípcio para o manter retido no Grande Lago Amargo – que fica a meio caminho da passagem que liga o mar Mediterrâneo ao mar Vermelho – enquanto não pagar a referida quantia.
Em declarações à imprensa estatal do Egipto na terça-feira, o presidente da SCA, Osama Rabie, confirmou que o Ever Given tinha sido “apreendido por ter falhado o pagamento de 900 milhões de dólares”. O valor exigido, diz Rabie, baseia-se nas “perdas incorridas por causa da embarcação encalhada, assim como os custos de flutuação e manutenção”.
Segundo a UK Club, uma das seguradoras do Ever Given, a SCA calcula os gastos com as operações de resgate do navio de 219 mil toneladas, 400 metros de comprimento e 59 de largura – que implicou a retirada de aproximadamente 30 mil metros cúbicos de areia e a participação de 13 rebocadores – em 300 milhões de dólares.
Para além disso, diz a seguradora, a SCA coloca também a fasquia dos 300 milhões no cálculo dos danos reputacionais que o bloqueio lhe causou – mais de 400 navios, transportando cerca de 18.300 contentores, ficaram em espera durante seis dias, causando disrupções em toda a cadeia de abastecimento a nível mundial, particularmente no sector energético.
A UK Club lamentou ainda, através de um comunicado, que a SCA não esteja disponível para negociar o valor de uma compensação que considera “extraordinariamente elevada” e “muito pouco fundamentada”.
“Na [segunda-feira] foi apresentada à SCA uma oferta cuidadosamente considerada e generosa para chegarmos a um entendimento. Ficámos desapontados com a decisão subsequente da SCA de apreender o navio”, informou a seguradora, citada pela BBC.
“Ficámos igualmente desapontados com as declarações feitas pela SCA dizendo que o navio irá ficar retido no Egipto até à compensação ser paga e que a sua tripulação ficará impedida de abandonar o navio durante esse período”, acrescentou.
Nesta quarta-feira, a operadora do Ever Given – a empresa taiwanesa Evergreen Line – disse que estava a avaliar a ordem judicial e as suas implicações para perceber se é possível um tratamento diferenciado entre o navio e a sua carga, de forma a levar os contentores transportados ao seu destino o mais rápido possível.