A praça da Casa da Cultura de Ílhavo vai ficar mais verde e a comunidade vai dar uma ajuda
No âmbito de uma parceria com a associação Jardins Abertos, o 23 Milhas acaba de lançar um programa que pretende criar um novo espaço público.
A ideia germinou durante este último confinamento. Com as portas das salas de espectáculo fechadas, a equipa do 23 Milhas, projecto cultural do município de Ílhavo, empenhou-se no desenvolvimento de uma iniciativa que fosse, simultaneamente, sinónimo de esperança e de comunidade. Estavam, assim, lançadas as sementes para o Planteia, projecto que quer dar nova vida à praça da Casa da Cultura de Ílhavo. A extensa área de pedra irá receber canteiros, mobiliário urbano e dispositivos de mediação, com a ajuda da população local. A inauguração está prevista para 10 de Junho.
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A ideia germinou durante este último confinamento. Com as portas das salas de espectáculo fechadas, a equipa do 23 Milhas, projecto cultural do município de Ílhavo, empenhou-se no desenvolvimento de uma iniciativa que fosse, simultaneamente, sinónimo de esperança e de comunidade. Estavam, assim, lançadas as sementes para o Planteia, projecto que quer dar nova vida à praça da Casa da Cultura de Ílhavo. A extensa área de pedra irá receber canteiros, mobiliário urbano e dispositivos de mediação, com a ajuda da população local. A inauguração está prevista para 10 de Junho.
O convite à comunidade já foi lançado e para muitos chegou sob a forma de um pequeno vaso de cartão com sementes para plantar. “É um gesto simbólico para vos convidar a participar no projecto, seja na construção dos módulos, na semana do plantio e nas pinturas do chão da praça”, explicava Catarina Mano, da equipa do 23 Milhas, numa ronda pela vizinhança da praça. Manuel Grego Dias e a mulher, Maria Adelaide, mostraram-se agradados com a ideia – tanto mais porque, mais do que nunca, somos convidados “a viver ao ar livre” – e já manifestaram vontade de participar nas actividades de plantio.
Também no seio dos lojistas vizinhos da Casa da Cultura de Ílhavo a proposta do Planteia merece aplausos. “Só a ideia já me alegra. Saber que vou poder ter um pequeno jardim aqui à minha porta é fantástico”, destaca Rita Vieira, proprietária da Florarte. Ainda que o facto de ser florista a possa tornar suspeita para falar, observa que é preciso dar vida a todo aquele empedrado. “As pequenas oliveiras que colocaram no ano passado já vieram ajudar”, diz.
Umas portas ao lado, na loja da Campo Lindo, as sementes do Planteia também são recebidas com alegria. “Todos achamos que falta aqui espaço verde. É uma área enorme e com muito potencial, que é pouco aproveitada”, opina Pedro Pinto, gerente da loja de sementes e rações para animais.
Lançada a convocatória, segue-se a construção do Planteia propriamente dito, dividida por três fases: construção dos módulos (1 a 9 de Maio), semana do plantio (10 a 16 de Maio) e pinturas do chão da praça (17 a 22 de Maio). Todas elas irão, então, contar com a ajuda da população local, que também já está convidada para a inauguração da “nova” praça, no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Um palco, uma plateia, um espaço de jogo
A proposta, que resulta de uma parceria com a associação Jardins Abertos, passa por dar algum verde à praça, transformando-a também num palco, numa plateia, num lugar de encontro e num espaço de jogo. “Criámos um projecto que mantém a dinâmica de multiusos e que ainda lhe cria mais usos diferentes”, destaca Luís Ferreira, director do 23 Milhas, realçando que a experiência vivida na edição do ano passado do festival Rádio Faneca deixou bem vincada a vontade de a população viver aquela praça.
Agora, e ao contrário do que aconteceu em Julho de 2020, a transformação será para ficar, tornando-a um novo espaço de programação. “Em parceria com a educação, a maioridade, o ambiente ou outros sectores da cultura de Ílhavo, vamos programar sempre nesta relação da consciência ambiental, do conhecimento da flora local e depois dos activos culturais que vêm ou partem daí”, revela o director do 23 Milhas, fazendo notar que, “cada vez mais, há artistas a trabalhar esta dimensão”.
Igualmente garantida está a participação da comunidade no projecto, mesmo depois de construída a “nova” praça. A proposta passa por chamar a população a ajudar a cuidar da praça e a participar nas acções de programação, que se pretende que sejam também “acções de transformação deste lugar, mostrando às pessoas que os jardins são lugares vivos, sazonais, com mistérios e particularidades em cada estação”, adianta ainda Luís Ferreira.
Neste fase estão já definidas as premissas do desenho final da praça, perspectivando-se agora que venha a ser trabalhado com a comunidade. “Só estamos a tentar perceber como, uma vez que ainda há muita incerteza em relação ao desconfinamento”, explica o programador cultural. Serão 138 módulos (canteiros, mobiliário urbano e dispositivos de mediação) e mais de duas centenas de plantas, segundo foi já anunciado.