Homicídio de crítico do Kremlin foi simulado para parecer suicídio, revela investigação
A vítima foi surpreendida e estrangulada. O autor do crime ainda não foi encontrado, mas os investigadores acreditam ter sido enviado de Mosvoco.
A morte no Reino Unido em 2018 do empresário Nikolai Glushkov, um conhecido crítico do Kremlin, levantou suspeitas e a investigação chegou à conclusão que a morte por estrangulamento foi encenada para parecer um suicídio.
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A morte no Reino Unido em 2018 do empresário Nikolai Glushkov, um conhecido crítico do Kremlin, levantou suspeitas e a investigação chegou à conclusão que a morte por estrangulamento foi encenada para parecer um suicídio.
O médico-legista, segundo o Guardian, concluiu que Glushkov foi rapidamente subjugado pelo homicida, já que “não havia sinais de “resistência prolongada”, e depois estrangulado. Para encenar o suicídio, o autor do crime colocou uma coleira à volta do pescoço da vítima.
O corpo de Glushkov foi encontrado no dia 12 de Março de 2018, com o rosto voltado para o chão e a “coleira vermelha” apertada ao pescoço com duas voltas, apresentando “marcas” e sinais óbvios de contusões, segundo o relatório. Perto do corpo estava um escadote de dois degraus com uma corda azul.
As análises feitas mostraram indícios de homicídio - nomeadamente fracturas na laringe e no osso hióide. O paramédico chamado ao local, Dominic Beil, alertou de imediato a polícia por suspeitas de homicídio. Em casos de suicídio, o escadote normalmente acaba tombado e neste caso manteve-se na vertical.
As suspeitas da filha, Natalia Glushkova, que foi quem encontrou o corpo, foram confirmadas pelo médico-legista: “O seu homicida tentou encenar um suicídio, mas as provas da patologia conseguiram ir além disso”, disse, lamentando, no entanto, que o assassino tenha “escapado à justiça” e não se saiba a motivação do crime, apesar da investigação da equipa de contra-terroristmo da Polícia Metropolitana.
Foram vistas mais de duas mil horas de imagens de um circuito fechado e mais de mil provas foram recolhidas ao longo da investigação. Uma delas entusiasmou o comandante Richard Smith, da Polícia Metropolitana: residentes da zona onde morava a vítima avistaram algumas vezes uma carrinha preta perto da área de residência de Glushkov, escreveu a BBC.
Quase duas mil pessoas foram interrogadas como parte da investigação sobre o homicídio do empresário russo, mas a polícia não conseguiu identificar o autor do crime. A suspeita é que tenham sido assassinos profissionais enviados por Moscovo, sem, no entanto, haver provas.
“Esta investigação foi muito complexa e desafiante desde o início”, disse Smith citado pela BBC, lamentando que “nenhuma detenção tenha sido feita”.
Oposição ao Kremlin
Segundo disse a filha ao Guardian, Glushkov, que trabalhou durante os anos 1990 na companhia aérea estatal russa Aeroflot e na empresa LogoVaz, do oligarca Boris Berezovski, “foi politicamente perseguido durante a maioria da sua vida e até ao seu último suspiro”.
Quando as relações entre Berezovski e o Presidente russo, Vladimir Putin, azedaram Glushkov acabou por ser arrastado, acusado de lavagem de dinheiro e fraude. Cumpriu cinco anos de prisão e saiu em liberdade em 2004. Desde 2010, vivia exilado no Reino Unido.
Uma semana antes da sua morte, o antigo espião russo Sergei Skripal e a filha foram envenenados com Novichok – um agente químico que afecta o sistema nervoso fabricado no tempo da União Soviética –, embora a polícia tenha afirmado que os casos não estão relacionados.
As suspeitas em torno da morte de Glushkov trazem à memória a morte do amigo e magnata russo Berezovsky, também envolta em suspeitas, e do antigo espião Alexander Litvinenko, assassinado em 2006 por envenenamento, todos eles críticos do Kremlin e todos eles exilados no Reino Unido.