A reacção de José Sócrates: “Todas as grandes mentiras da acusação caíram”
O ex-primeiro-ministro queixou-se de “motivações políticas”, reafirmou a sua inocência (e não excluiu um regresso à vida política). “Prenderam, difamaram durante sete anos um inocente”, declarou à saída da leitura de decisão de instrução do processo Operação Marquês.
José Sócrates anunciou a singularidade da decisão instrutória do processo da Operação Marquês, voltando a defender a sua inocência. À saída do Campus de Justiça, em Lisboa, o ex-primeiro-ministro, que será julgado por seis dos 31 crimes de que era acusado, declarou que “todas as grandes mentiras da acusação hoje caíram”. Entre os crimes que não seguem para julgamento estão três crimes de corrupção passiva. Questionado sobre um possível regresso à política, José Sócrates declarou que “não quer partilhar isso com ninguém”, não excluindo, no entanto, esse cenário. “Isso diz-me respeito a mim e ao diálogo comigo mesmo. Agora tratemos deste processo”, resumiu.
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José Sócrates anunciou a singularidade da decisão instrutória do processo da Operação Marquês, voltando a defender a sua inocência. À saída do Campus de Justiça, em Lisboa, o ex-primeiro-ministro, que será julgado por seis dos 31 crimes de que era acusado, declarou que “todas as grandes mentiras da acusação hoje caíram”. Entre os crimes que não seguem para julgamento estão três crimes de corrupção passiva. Questionado sobre um possível regresso à política, José Sócrates declarou que “não quer partilhar isso com ninguém”, não excluindo, no entanto, esse cenário. “Isso diz-me respeito a mim e ao diálogo comigo mesmo. Agora tratemos deste processo”, resumiu.
No final da leitura da decisão do juiz Ivo Rosa, Sócrates vincou que continuará a defender-se dos crimes que seguem para julgamento e insistiu que algumas das acusações de que era alvo são “mentira”.
“A acusação da fortuna escondida é uma mentira. A acusação da corrupção é mentira. A acusação de uma ligação com Ricardo Salgado é completamente mentira. Todos vocês puderam ouvir as palavras do juiz”, argumentou o ex-primeiro-ministro, repetindo algumas das expressões usadas por Ivo Rosa para se referir aos argumentos do Ministério Público, que já fez saber que irá recorrer.
José Sócrates afirmou que houve “especulação, efabulação, construção de suposições em cima de suposições”, mas vinca que “tudo isso acabou”. “Tudo isso ruiu”, completou.
Sobre a intenção de levar José Sócrates a julgamento por três crimes de branqueamento (a que se somam outros três por falsificação de documentos), o ex-primeiro-ministro reafirma que não são verdade e que se irá defender, ou em recurso ou em tribunal. “O juiz Ivo Rosa levanta dúvidas sobre a questão dos empréstimos, chega à conclusão de que há indícios que podem contrariar o que eu digo, mas o que digo é verdade e vou defender-me”, repetiu.
"Quero defender-me"
Em comentário em relação à prescrição dos crimes, José Sócrates lembra: “[O juiz] não pode imputar um crime que já prescreveu pela simples razão que não posso defender-me dessa acusação”. “Se está indiciado quero ir a julgamento, quero defender-me”, respondeu, em declarações aos jornalistas.
“Tudo isto é uma gravíssima injustiça”, afirmou Sócrates, que se queixa de motivações políticas. “A acusação tem uma motivação política, sempre teve, e essa motivação política está bem clara numa decisão do juiz que os senhores se encarregam de branquear”, declarou, referindo-se aos jornalistas. O ex-governante insistira ainda em atirar responsabilidades aos jornalistas: “Não acham que deviam fazer uma autoavaliação? Nada disto teria chegado a este ponto se o jornalismo tivesse cumprido o seu dever”, criticou.
O ex-governante queixou-se ainda de que a distribuição do processo Operação Marquês foi “manipulada e viciada” desde que chegou ao Tribunal de Instrução Criminal para que o juiz Carlos Alexandre ficasse com o processo.
“Alguém cometeu um crime. Resta saber quem”, reiterou, para depois descredibilizar o Ministério Público. “Claro que não confio no Ministério Público para investigar esse crime porque foi o primeiro interessado para que esse crime não fosse posto em cima da mesa, foi sempre conivente com essa distribuição e sempre a defendeu”, disse. “A única conclusão que posso tirar é esta: o Ministério Público escolheu o juiz, agiu e o juiz de forma conluiada de forma a investigarem-me, a acusarem-me e a prenderem-me”, afirmou Sócrates.
Sócrates: “Prenderam e difamaram durante sete anos um inocente"
“Prenderam-me e difamaram durante sete anos um inocente”, afirmou José Sócrates à saída da leitura da decisão. De acordo com o ex-governante, “todos os crimes [dos quais foi acusado] não existiram” e “todas as mentiras eram falsas, eram falsidades”, repetiu.
Em resposta aos jornalistas sobre a possibilidade de o processo seguir para o Tribunal da Relação, o ex-primeiro-ministro garante não ter “receio de nada”, apenas das “manipulações” de que foi alvo. “Isso é que todos deviam recear”, declarou. "O que aconteceu no dia 9 de Setembro de 2014 é que foi feita uma manipulação do tribunal. Foi escolhido um juiz, um juiz certo, o juiz que mais convinha ao Ministério Público e isso é um verdadeiro escândalo. Não foi apenas um crime que aconteceu. Foram dois crimes. Foi o crime de manipulação do inquérito, mas também de encobrimento”.
"Não há provas, não há indícios e não há factos"
José Sócrates disse que “todas as acusações monstruosas de proximidade a Ricardo Salgado, de corrupção na PT, na Lena, em Vale do Lobo, tudo isso ficou absolutamente demonstrado não apenas que não há provas”. “Também não há indícios e não há factos”, repetiu. O ex-governante garantiu ainda que nunca utilizou contas bancárias de outras pessoas e que irá analisar os crimes de branqueamento. “Eu não beneficiei, não é verdade, vou defender-me disso”, concluiu, em relação aos empréstimos que terá contraído.