Vulcão entra em erupção em ilha do mar das Caraíbas

Nas imagens partilhadas através das redes sociais, pode ver-se uma coluna de fumo e cinzas no céu acima do vulcão La Soufrière, que esteve inactivo durante várias décadas.

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Reuters/UWI SEISMIC RESEARCH CENTRE

Um vulcão entrou em erupção na ilha de São Vicente, a principal ilha do arquipélago de São Vicente e Granadinas, situado no sudeste do mar das Caraíbas. O vulcão, conhecido como La Soufrière, esteve inactivo durante várias décadas, mas, nesta sexta-feira, expeliu cinzas e fumo e obrigou as autoridades a declarar uma situação de emergência e a ordenar que as localidades mais próximas fossem evacuadas.

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Um vulcão entrou em erupção na ilha de São Vicente, a principal ilha do arquipélago de São Vicente e Granadinas, situado no sudeste do mar das Caraíbas. O vulcão, conhecido como La Soufrière, esteve inactivo durante várias décadas, mas, nesta sexta-feira, expeliu cinzas e fumo e obrigou as autoridades a declarar uma situação de emergência e a ordenar que as localidades mais próximas fossem evacuadas.

A Organização Nacional de Gestão de Emergências local confirmou através do Twitter que o vulcão entrou em erupção na manhã desta sexta-feira, pelas 8h41 (hora local, perto das 13h em Portugal continental) e apelou a que os residentes abandonassem as áreas mais próximas.

Nas imagens partilhadas através das redes sociais, pode ver-se uma coluna de fumo e cinzas no céu acima do vulcão. De acordo com as autoridades locais, as cinzas estão a ser levadas em direcção ao Oceano Atlântico. Não houve quaisquer relatos de feridos ou danos.

Erouscilla Joseph, directora do Centro Sísmico da Universidade das Índias Ocidentais, deixou o alerta: “Podem ocorrer mais erupções”, cita a agência noticiosa Associated Press.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro são-vicentino Ralph Gonsalves tinha ordenado a evacuação da zona mais a norte da ilha, onde se antecipava uma “perspectiva substancial de catástrofe”. “Todos os planos já arrancaram, o processo começou”, afirmou.

Nesse mesmo dia, as autoridades elevaram o nível de alerta, na sequência de vários tremores de terra detectados perto do vulcão, com algumas nuvens de fumo avistadas a sair da cratera.

De acordo com o The Guardian, pelo menos quatro navios de cruzeiro irão chegar à ilha ainda esta sexta-feira – dois da empresa Royal Caribbean e dois da Carnival Cruise Line – para ajudar a retirar as pessoas afectadas para outras ilhas ou deslocá-las rapidamente para outros locais de São Vicente. De acordo com o primeiro-ministro, todas as pessoas que forem retiradas da ilha nesses navios terão de ser vacinadas contra a covid-19 antes de poderem embarcar.

Pelo menos quatro ilhas demonstraram disponibilidade para acolher as pessoas afectadas: Santa Lúcia, Granada, Barbados e Antígua.

“Nem tudo vai ser perfeito, mas se todos colaborarmos (…) vamos sair disto mais fortes do que nunca”, afirmou Gonsalves. “Isto é uma situação de emergência e toda a gente percebe isso.”

Philmore Mullin, director do Gabinete Nacional de Serviços de Catástrofes de Antígua e Barbuda, disse à agência France-Presse que a ilha estava pronta para receber as pessoas retiradas de São Vicente. Contudo, deixou um alerta: “Se a erupção se prolongar, vai ser um evento que lhes vai mudar a vida. Dependendo da erupção, poderão não voltar a casa durante anos.”

A população da ilha já estava preparada para ter de abandonar as suas casas. Foi o que aconteceu da última vez que o vulcão entrou em erupção, em 1979, e foi por causa disso que se evitaram mortos — registaram-se apenas danos materiais. Antes disso, em 1902, o mesmo vulcão fez quase 1700 mortos, de acordo com o New York Times.

Cecilia Jewett, 72 anos, recorda a última explosão do vulcão: a necessidade e procura por água potável, o céu escuro e o cheio a enxofre. “Estas histórias regressam sempre que ouço que o La Soufrière está a manifestar-se”, disse, citada pelo diário norte-americano. “O enxofre, aquilo que faz aos teus olhos, à tua respiração, à tua existência”, completa. “É uma situação que não quero voltar a viver”.

Desde Dezembro do ano passado que as autoridades começaram a antecipar uma situação como estas, preparando as pessoas que viviam perto do vulcão para os protocolos a seguir caso entrasse em erupção.

O arquipélago é constituído por mais de 30 ilhas – apenas algumas delas habitadas – e cerca de 110.000 habitantes. A maioria da sua população vive em Kingstown, a capital, situada em São Vicente.