Mais 19 polícias feridos na sétima noite de motins na Irlanda do Norte
A polícia teve de utilizar canhões de água, pela primeira vez nos últimos seis anos, para dispersar os desordeiros. Número total de agentes policiais feridos sobe para 74.
A violência continua nas ruas da Irlanda do Norte, especialmente na capital, Belfast, onde 19 agentes da polícia ficaram feridos na quinta-feira à noite, perfazendo um total de 74 desde que os motins começaram na semana passada.
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A violência continua nas ruas da Irlanda do Norte, especialmente na capital, Belfast, onde 19 agentes da polícia ficaram feridos na quinta-feira à noite, perfazendo um total de 74 desde que os motins começaram na semana passada.
Quinta-feira foi a segunda noite consecutiva que grupos de desordeiros unionistas (pró-Reino Unido) e nacionalistas (pró-reunificação irlandesa) se concentraram no mesmo cruzamento na zona Oeste de Belfast, perto do “muro da paz”, que separa os dois lados envolvidos nos motins.
A polícia teve de recorrer ao uso de canhões de água, pela primeira vez nos últimos seis anos, para dispersar os revoltosos, que não paravam de arremessar pedras, cocktails-molotov e garrafas.
Houve uma “violência contínua contra os agentes da polícia em ambos os lados do cruzamento durante algumas horas”, disse à BBC o sub-chefe da polícia, Jonathan Roberts, na quinta-feira à noite. Grande parte das lesões dos 19 polícias derivaram dos cocktails-molotov lançados, acrescentou, tendo uma agente ficado com um osso partido no pé.
Nesta sétima noite de motins, contudo, a violência foi maior na área dos nacionalistas republicanos, em Springfield, que “tentaram passar o portão [em Lanark Way] várias vezes, mas quando ficou claro que não iam ter acesso a essa área, prosseguiram para atacar a polícia mais acima na Springfield Road”, disse Paul Doherty, vereador do Partido Social Democrata e Trabalhista, à BBC Radio Ulster.
O tráfego nas ruas ficou bloqueado durante várias horas, e calma só voltou às ruas por volta da meia-noite desta sexta-feira.
Houve um menor número de pessoas envolvidas nos motins de quinta-feira à noite, quando comparados com os da noite anterior, que contou com centenas de pessoas a participar na violência sectária na capital da Irlanda do Norte, e onde um autocarro foi incendiado, bem como ficaram feridos oito polícias e um jornalista.
Foram, ainda assim, “as acções da noite anterior” que estiveram na base da continuação da violência, segundo a vereadora Claire Canavan, do Sinn Féin. E não se prevê que esta cesse nos próximos dias, pois nas redes sociais continua a haver apelos a incentivar novos motins – a veracidade destes apelos é incerta, porém, porque vários dos perfis que estão por detrás dos apelos são suspeitos de serem falsos, segundo o The Guardian. “Eu aconselharia entrar com calma no fim-de-semana”, alertou Canavan.
“Os meus sentimentos vão para aqueles que vivem na zona [em Shankill e Springfield] e que vivem com este medo e perturbação”, disse a ministra da Justiça, Naomi Long, através do Twitter. “Isto tem de parar agora, antes que se percam vidas.”
Os envolvidos nos motins são, sobretudo, jovens – há rapazes detidos de 13 ou 14 anos –, que vêm de “todo o lado em Belfast”, sendo que grande parte “opera de forma independente”, embora haja suspeitas de participação de forças paramilitares unionistas.
É por esta razão que diversos políticos têm apelado ao Conselho das Comunidades Lealistas para investigar, e clarificar, se os paramilitares têm ou não participado nos motins. “A violência não promove a causa unionista”, referiu à BBC Radio Billy Hutchinson, líder Partido Unionista Progressista.
A tensão na Irlanda do Norte tem vindo agravar-se nas últimas semanas, e os motins, que começaram no dia 29 de Março, derivam, principalmente, das divergências de posições sobre a relação com o Reino Unido, no âmbito da entrada em vigor dos acordos comerciais e políticos do “Brexit”.
O ministro para a Irlanda do Norte, Brandon Lewis, deverá reunir-se mais tarde, nesta sexta-feira, com outros líderes políticos, assim como com o chefe da polícia, Simon Byrne.
Texto editado por António Saraiva Lima