Senhora da Rosa: novo hotel dos Açores nasce entre plantações de ananases e bananeiras
Adiado por um ano devido à pandemia, o Senhora da Rosa, Tradition & Nature Hotel abre portas a 16 de Abril numa quinta centenária de São Miguel. Entre as singularidades do novo projecto hoteleiro contam-se um tanque para mergulhos numa estufa de ananases ou os “novos” cafuões para dormir entre bananeiras.
As recordações do tempo em que passavam tardes a correr pela quinta, a construir casas de madeira e a subir às árvores para apanharem os frutos ainda estão vivas na memória de Joana Damião Melo e do irmão Miguel. Lembram-se de ouvir a avó tocar o sino para chamá-los para o lanche. São eles, juntamente com José Pedro Sousa, que constituem a sociedade por trás do novo projecto hoteleiro da ilha de São Miguel, nos Açores, erguido numa quinta do século XVIII, na família há várias gerações.
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As recordações do tempo em que passavam tardes a correr pela quinta, a construir casas de madeira e a subir às árvores para apanharem os frutos ainda estão vivas na memória de Joana Damião Melo e do irmão Miguel. Lembram-se de ouvir a avó tocar o sino para chamá-los para o lanche. São eles, juntamente com José Pedro Sousa, que constituem a sociedade por trás do novo projecto hoteleiro da ilha de São Miguel, nos Açores, erguido numa quinta do século XVIII, na família há várias gerações.
À Fugas, Joana confessa estar “muito feliz por, ao fim de um ano, conseguir finalmente abrir”. No início do ano passado, estava tudo a postos para abrir portas em Abril, quando a pandemia veio trocar-lhes as voltas e adiar por 12 longos meses a inauguração. Agora que mais nenhum obstáculo inesperado se coloque no caminho: o Senhora da Rosa, Tradition & Nature Hotel nasce a 16 de Abril.
A quinta, contam em comunicado, chegou a “ser conhecida pelas laranjas que produzia”, até que uma praga veio dizimar toda a produção na ilha, obrigando a propriedade a voltar-se para a plantação de ananás. É na Fajã de Baixo, ainda no concelho de Ponta Delgada, entre estufas de ananases, que se situa o novo hotel, “um oásis quatro estrelas superior”. Em 1994, os pais de Joana e Miguel abriram uma estalagem na quinta, encerrada há dez anos. O Senhora da Rosa recupera agora esse legado, aliando modernidade e tradição, com a natureza e a sustentabilidade como pilares do projecto.
“A comunhão com a natureza envolvente é óbvia, e acompanhou todo o plano de restruturação do espaço, que não omite os vestígios de outros tempos e vivências na quinta. As memórias estão lá, tal como as tradições, que fazem deste um projecto tão singular”, lê-se em comunicado.
Entre os mais de três hectares da propriedade, contam-se 35 quartos, incluindo dois Tranquility Garden Lodges, instalados no meio da quinta, e que recriam os antigos cafuões açorianos onde os cereais eram armazenados, “estruturas de madeira elevadas do solo a que os ratos não conseguiam chegar”. São agora quartos com casa de banho, zona de estar e um terraço com banheira ao ar livre rodeado por bananeiras.
Já os quartos do edifício principal têm todos uma fotografia da ilha de São Miguel sobre a parede de cabeceira da cama, da autoria de vários fotógrafos, incluindo João Moniz, Paulo Goulart ou o próprio Miguel Damião. A decoração de cada espaço é da responsabilidade da decoradora de interiores Lili Damião, mãe de Joana e Miguel, que “deixou as plantas invadirem o hotel”, aliou móveis antigos e contemporâneos e decidiu recuperar várias peças “caídas em desuso como elementos decorativos”.
A unidade hoteleira integra também o restaurante Magma, liderado pelo chef João Alves (com passagem pelas cozinhas dos resorts Penha Longa e Pine Cliffs, entre outras), com capacidade para 55 pessoas e uma esplanada semicoberta. Na carta, serve-se uma “cozinha do Atlântico com raízes açorianas”, incluindo os produtos das hortas da propriedade, ingredientes de produtores locais e iguarias regionais, como a pimenta da terra, o chá, os queijos, as conservas ou o peixe, além de “algumas referências da carta que fazia sucesso nos tempos da estalagem”, reinterpretados pelo chef.
Em Junho, no topo do edifício principal, nasce ainda o Mirante, um rooftop com “uma vista privilegiada sobre a ilha”, “sabores dos quatro cantos do mundo” e cocktails que prometem “honrar ao máximo aquilo que as ilhas oferecem”.
Já o spa Musgo, encaixado num desnível do terreno, sob a nova piscina exterior, conta com quatro salas de tratamento, terraço, sala de relaxamento, banho turco, sauna e um estúdio para aulas de ioga e de pilates. Cerca de 80% dos tratamentos realizados no novo spa, acrescenta o comunicado, “são feitos com óleos essenciais provenientes de matéria-prima da quinta ou da ilha, respeitando as estações”, e produtos da Scens, uma marca orgânica e vegana.
O projecto integra ainda duas estufas de produção de ananás – e numa delas será possível dar um mergulho num tanque de água aquecida entre fileiras de frutos; um campo de padel, um “tanque de refrescamento”, uma loja de produtos açorianos, duas salas de reuniões e eventos, um centro interpretativo “onde se poderá viajar no tempo e na história do local”, um kids club, e uma capela do século XIX, aberta a visitas e celebrações religiosas.
É ainda de destacar o posicionamento de consciência ambiental do Senhora da Rosa. Cerca de 60% da energia consumida provém de painéis solares e fotovoltaicos, conta com três zonas de compostagem, bombas de calor e tanques de reaproveitamento de águas pluviais para utilização na rega das hortas, “cuja grande variedade de árvores de frutos e ervas aromáticas abastece o consumo interno”.
Já as amenities são produzidas por uma saboaria local com matéria-prima da quinta, à base de laranja, limão, banana ou castanha (dependendo da época), e chegam ao cliente sob a forma de champô sólido, creme de corpo e sabonete em barra, sem recurso a plástico e reduzindo a produção de lixo. Em breve, haverá ainda um posto duplo de abastecimento para carros eléctricos.