Espólio do artista Fernando Calhau doado à biblioteca de arte da Fundação Gulbenkian

A proposta de doação foi apresentada por Rui Chafes, herdeiro legal do artista desaparecido em 2002. A sua obra vai agora ser inventariada e disponibilizada ao público, diz a fundação.

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O espólio do artista Fernando Calhau (1948-2002) foi doado à Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, onde a documentação será inventariada e disponibilizada ao público, anunciou a entidade esta sexta-feira.

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O espólio do artista Fernando Calhau (1948-2002) foi doado à Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, onde a documentação será inventariada e disponibilizada ao público, anunciou a entidade esta sexta-feira.

A documentação reunida neste espólio “vai permitir aprofundar o percurso artístico de Fernando Calhau, um artista singular, autor de uma obra única no contexto artístico português, e amplamente representado” na Colecção do Centro de Arte Moderna com 695 obras, entre pintura, escultura, desenho, fotografia e gravura.

A proposta de doação foi apresentada pelo artista Rui Chafes, herdeiro legal de Fernando Calhau, “imediatamente aceite pela Fundação Gulbenkian”, acrescenta o comunicado.

À luz desta documentação, “será possível também pesquisar os vários níveis de reflexão artística que manifestou desde os primeiros trabalhos e exposições, até à derradeira fase da sua produção”, assinala a Gulbenkian, que, poucos meses antes da morte do artista lhe dedicou, no Centro de Arte Moderna (CAM), a exposição Work in Progress, com curadoria de Delfim Sardo.

Numa entrevista publicada no catálogo dessa exposição, o artista sublinhava a importância da coerência conceptual do seu trabalho, da continuidade e do rigoroso sentido das séries que produzia. “A documentação agora reunida será fundamental para compreender e contextualizar este esforço do artista que dizia trabalhar ‘sem nada na manga e sem rede'”, recorda a entidade, sobre Fernando Calhau.

À medida que for sendo inventariado, este espólio será progressivamente disponibilizado ao público na Biblioteca de Arte, servindo de apoio à investigação das obras do artista na Colecção do CAM e ao estudo de investigadores, curadores, críticos, nacionais e estrangeiros.

Em 1973, Fernando Calhau licenciou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, estudou na Slade School of Fine Art, em Londres, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, e estudou gravura com Bartolomeu Cid dos Santos. Realizou a primeira exposição individual em 1968, na Cooperativa Gravura, em Lisboa.

Com uma obra que seguiu a linha da arte conceptual e minimalista, realizou obras monocromáticas de grande depuração formal, utilizando o filme Super8, vídeo e fotografia, e, a partir dos anos 1980, o ferro e o néon azul, em obras como Timeless (1994), onde a palavra escrita assume papel determinante.

Fernando Calhau fundou e dirigiu o Instituto de Arte Contemporânea entre 1997 e 2000.