Numa ilha sem nome, em certas manhãs, há objectos que começam a desaparecer: pássaros, chapéus, perfumes, rosas... Uma força desconhecida faz com que as pessoas “esqueçam” esses objectos colectivamente. (Esse esquecimento será levado ao extremo quando também partes do corpo deixarem de ser sentidas.) Os agentes da Polícia da Memória impõem a retirada da ilha de todas essas coisas, assim como das pessoas que ainda se continuem a lembrar delas, a função é fazer cumprir os desaparecimentos. “A ilha é governada por homens determinados a que tudo desapareça. Do ponto de vista deles, é inconcebível que qualquer coisa não desapareça quando eles assim decidem. Por isso, obrigam-na a desaparecer com as suas próprias mãos.” É neste ambiente, que de imediato nos leva a Orwell e também a Kafka, que decorre a trama do romance A Polícia da Memória (originalmente publicado em 1994), da japonesa Yoko Ogawa (n. 1962) — o livro, traduzido para inglês há dois anos, foi finalista do International Booker Prize.
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Numa ilha sem nome, em certas manhãs, há objectos que começam a desaparecer: pássaros, chapéus, perfumes, rosas... Uma força desconhecida faz com que as pessoas “esqueçam” esses objectos colectivamente. (Esse esquecimento será levado ao extremo quando também partes do corpo deixarem de ser sentidas.) Os agentes da Polícia da Memória impõem a retirada da ilha de todas essas coisas, assim como das pessoas que ainda se continuem a lembrar delas, a função é fazer cumprir os desaparecimentos. “A ilha é governada por homens determinados a que tudo desapareça. Do ponto de vista deles, é inconcebível que qualquer coisa não desapareça quando eles assim decidem. Por isso, obrigam-na a desaparecer com as suas próprias mãos.” É neste ambiente, que de imediato nos leva a Orwell e também a Kafka, que decorre a trama do romance A Polícia da Memória (originalmente publicado em 1994), da japonesa Yoko Ogawa (n. 1962) — o livro, traduzido para inglês há dois anos, foi finalista do International Booker Prize.