Air Centre nos Açores captou mais de 35 milhões de euros em projectos
“O projecto-bandeira mais importante que estamos a desenvolver é a Constelação do Atlântico. São 16 satélites para fornecer dados com uma frequência a cada duas, três horas”, disse Miguel Bello, director executivo do Centro Internacional de Investigação para o Atlântico (Air Centre).
O Centro Internacional de Investigação para o Atlântico, Air Centre, com sede nos Açores, tem mais de 20 projectos programados para os próximos três anos, que representam um volume de 1,6 milhões de euros.
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O Centro Internacional de Investigação para o Atlântico, Air Centre, com sede nos Açores, tem mais de 20 projectos programados para os próximos três anos, que representam um volume de 1,6 milhões de euros.
“Está aqui já uma equipa de 12 pessoas, que tem mais de 20 projectos internacionais e que para os próximos três anos já têm um volume de financiamento superior a 1,6 milhões de euros”, disse esta sexta-feira o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Entre os projectos apresentados está o desenvolvimento da Constelação de Satélites do Atlântico, em colaboração com a Agência Espacial Portuguesa, a Agência Espacial Europeia e sete países membros do Air Centre, que deverá ser financiada no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.
“O projecto-bandeira mais importante que estamos a desenvolver é a Constelação do Atlântico. São 16 satélites para fornecer dados com uma frequência a cada duas, três horas. Nós já temos satélites muito sofisticados europeus e americanos, mas fornecem dados a cada dois a três dias. Muitos fenómenos oceanográficos precisam de dados a cada duas, três horas. Queremos fazê-lo com satélites mais pequenos, que podem fornecer esta frequência de dados, que é muito importante”, adiantou o director executivo do Air Centre, Miguel Bello.
Está ainda prevista a instalação de uma nova estação receptora de dados de satélite que receberá directamente em tempo real os dados enviados pelos principais satélites que cobrem o Atlântico Norte, incluindo os satélites das agências norte-americanas NASA e NOOA, que resulta de um protocolo entre o Air Centre e o Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira, Terinov, onde o centro tem a sede.
“Este sistema vai gerar um volume muito grande de dados, 300 gigabytes de dados todos os dias, e precisamos de transferir estes dados para os nossos parceiros”, afirmou Miguel Bello, acrescentando que foi estabelecido um protocolo entre o Air Centre e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com vista à extensão da rede pública de comunicações científicas, que permitirá uma ligação mais rápida de dados.
O Air Centre, adiantou Miguel Bello, já concorreu a 70 propostas internacionais e ganhou mais de 20 projectos, que envolveram um valor total de 35 milhões de euros para todos os parceiros e permitiram a criação de 120 empregos.
Criado em 2018, o Air Centre envolve parceiros de Portugal, Espanha, Reino Unido, Noruega, África do Sul, Nigéria, Angola, Namíbia, Cabo Verde, São Tomé, Brasil, Colômbia, México e Estados Unidos e promove projectos de investigação nas áreas do espaço, atmosfera, oceano, clima, energia e ciências dos dados.
Para Manuel Heitor, ficou comprovado que “é possível fazer nos Açores um centro de investigação internacional e uma rede de nível internacional para a cooperação Norte-Sul, Sul-Norte, Este-Oeste do Atlântico”, que poderá agora contribuir também para a recuperação económica dos Açores e de Portugal.
“Iremos hoje lançar a preparação daquilo que poderá vir a ser uma agenda mobilizadora no âmbito do plano de recuperação para Portugal, que venha possibilitar centrar aqui neste laboratório a gestão e coordenação de uma futura constelação de satélites”, apontou, defendendo que os futuros satélites poderão possibilitar “o desenvolvimento de novas áreas de negócio, de maior valor acrescentado”.
O Air Centre conta com uma equipa de 25 pessoas, 12 das quais a trabalhar no Terinov, na ilha Terceira, oriundos de Itália, Espanha, Inglaterra, mas também de Portugal, incluindo alguns dos Açores. “O Centro Internacional de Investigação tem uma agenda científica e técnica clara, mas também tem uma agenda de desenvolvimento regional, de criar emprego qualificado nas regiões atlânticas, dando uma centralidade internacional aos Açores”, frisou o ministro.
Também o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, destacou as oportunidades de emprego criadas e manifestou-se “orgulhoso” por os Açores conseguirem “captar jovens talentosos”, mas também por terem “talento açoriano” que regressa à região depois da formação.
José Manuel Bolieiro, que lidera o governo da coligação PSD-CDS-PPM, assumiu o compromisso de dar “continuidade” ao trabalho iniciado pelo anterior executivo, do PS, e de cooperar com o Governo da República no desenvolvimento do Air Centre. “Conte com o Governo Regional para podermos, em cooperação e sem disputa de domínios, desenvolver com sucesso esta afirmação portuguesa regional dos Açores, mas europeia no contexto do mundo da ciência e da investigação no planeta”, disse, dirigindo-se a Manuel Heitor.
Segundo o presidente do executivo açoriano, com projectos como os desenvolvidos pelo Air Centre, os Açores deixam de estar “condenados à ultraperiferia” e afirmam “uma centralidade nova no conhecimento, na informação e na captação e residência de talentos e investigadores”. “Estamos a ganhar uma esfera de dimensão de conhecimento, pesquisa e investigação, que permite colocar os Açores como uma geografia relevante e geoestratégica no planeta, mas sobretudo com a concentração e a captação de ciência, de investigação, de inovação, de conhecimento e saber”, sublinhou.