Para se chegar à Galeria Solar, no coração de Vila do Conde, utilizando a linha de metro que liga o Porto a Póvoa de Varzim, tem que se passar por debaixo dos altos arcos rochosos de um aqueduto em ruínas. A estrutura secular, agora museografada, rasga a povoação como uma cicatriz descontínua de um outro tempo, quando a monumentalidade e a funcionalidade andavam de mãos dadas. A exposição de João Nisa, patente na dita galeria, de seu nome Primeiras Impressões de uma Paisagem, constitui-se por uma série de projecções de vídeo: planos fixos de paisagens recolhidos a partir de um outro aqueduto, o das Águas Livres, pelos arrabaldes de Lisboa. Que estas imagens tenham viajado mais de 300 quilómetros para se darem a ver, junto a um primo de pedra afastado, é apenas uma mera curiosidade. No entanto, as imagens convocadas por João Nisa para a exposição apresentam-se transidas por uma série de paradoxos — nada circunstanciais —, que se poderão denominar como ontológicos (e também antológicos, já que aqui se concentra a súmula de um pensamento visual sobre a natureza da imagem foto/vídeo-gráfica). Essas contradições colocam uma questão essencial: o que é, afinal, uma imagem?
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Para se chegar à Galeria Solar, no coração de Vila do Conde, utilizando a linha de metro que liga o Porto a Póvoa de Varzim, tem que se passar por debaixo dos altos arcos rochosos de um aqueduto em ruínas. A estrutura secular, agora museografada, rasga a povoação como uma cicatriz descontínua de um outro tempo, quando a monumentalidade e a funcionalidade andavam de mãos dadas. A exposição de João Nisa, patente na dita galeria, de seu nome Primeiras Impressões de uma Paisagem, constitui-se por uma série de projecções de vídeo: planos fixos de paisagens recolhidos a partir de um outro aqueduto, o das Águas Livres, pelos arrabaldes de Lisboa. Que estas imagens tenham viajado mais de 300 quilómetros para se darem a ver, junto a um primo de pedra afastado, é apenas uma mera curiosidade. No entanto, as imagens convocadas por João Nisa para a exposição apresentam-se transidas por uma série de paradoxos — nada circunstanciais —, que se poderão denominar como ontológicos (e também antológicos, já que aqui se concentra a súmula de um pensamento visual sobre a natureza da imagem foto/vídeo-gráfica). Essas contradições colocam uma questão essencial: o que é, afinal, uma imagem?