Luís Antero recria a primeira expedição à Serra da Estrela a partir de paisagens sonoras
Em 1881, a Sociedade de Geografia de Lisboa fez a primeira expedição científica à Serra da Estrela. Agora, Luís Antero imortaliza a viagem no seu novo álbum, através de uma “representação aural” da região e dos sons que teriam sido escutados na altura.
O artista Luís Antero lançou um álbum pela editora francesa Elektramusic, no qual se inspira na primeira expedição científica à Serra da Estrela para fazer uma “representação aural” daquela região e dos sons que teriam sido escutados em 1881.
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O artista Luís Antero lançou um álbum pela editora francesa Elektramusic, no qual se inspira na primeira expedição científica à Serra da Estrela para fazer uma “representação aural” daquela região e dos sons que teriam sido escutados em 1881.
O trabalho sonoro, intitulado 1881 (pastagens sonoras 7), é apenas uma de muitas viagens sonoras que Luís Antero, a residir em Oliveira do Hospital, fez até à Serra da Estrela, tendo o artista, nesta viagem, como base, a primeira expedição científica à Serra da Estrela, levada a cabo pela Sociedade de Geografia de Lisboa, contou à agência Lusa o paisagista sonoro.
Ao longo de quase 40 minutos, Luís Antero cria “uma representação aural” assente não apenas no seu conhecimento da Serra, mas “reimaginando” os sons que os membros da expedição terão eventualmente escutado. O trabalho divide-se em quatro momentos - “a chegada”, “neve e gelo”, “água e vento” e “o pastor e a partida” - e é também pontuado, para lá das gravações sonoras de campo, de música ambiental feita por Luís Antero.
“Aquilo que tentei fazer foi uma representação acústica, sonora, da expedição, desde a saída de Lisboa, e por isso é que o trabalho começa justamente com o som do comboio. O que tentei fazer foi tentar perceber quais as paisagens sonoras que os membros da expedição encontraram quando chegaram cá”, afirmou. No álbum, há vários marcos sonoros da Serra da Estrela, como a neve, algumas aves, os chocalhos das ovelhas de raça bordaleira ou o vento. “O som da serra é poético, mas é uma poesia de rajada. O vento é mais forte, mais presente”, notou.
No álbum, ouve-se música ambiental original, com a manipulação de sons recolhidos e utilização de teclas e guitarra, numa criação que também teve como ponto de partida a própria expedição. “Coloquei-me na pele de um dos cientistas da expedição, em que depois de fazer o trabalho de campo, tem de escrever conteúdos, alguma dissertação”, explicou o artista.
No trabalho, é também deixado um alerta sobre a desertificação de que a Serra da Estrela “está a ser alvo”, onde se ouve, a determinada altura, um pastor: “Já não é como antigamente. Antigamente era só pastores”. “Acredito que em 1881 a marca humana estivesse bem mais presente”, salientou Luís Antero.
O álbum está disponível nas plataformas digitais Apple Music, iTunes, Amazon, Spotify e Deezer, entre outras.