Para grandes males, grandes remédios
Cumprir o objetivo central de atingirmos até agosto uma taxa de vacinação de 70% para se alcançar a imunidade de grupo pode exigir mais trabalho logístico e maior abrangência no recrutamento de recursos humanos, mas está ao nosso alcance.
Face à grave crise infeciosa e económica com que nos confrontamos, atingir o mais rapidamente possível a imunidade de grupo é um imperativo nacional. Não há, de momento, tarefa mais importante para o País que a vacinação em massa. É este objetivo com que hoje nos deparamos e ao qual o Serviço Nacional de Saúde, na parte que lhe diz respeito, tem obrigação de dar resposta.
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Face à grave crise infeciosa e económica com que nos confrontamos, atingir o mais rapidamente possível a imunidade de grupo é um imperativo nacional. Não há, de momento, tarefa mais importante para o País que a vacinação em massa. É este objetivo com que hoje nos deparamos e ao qual o Serviço Nacional de Saúde, na parte que lhe diz respeito, tem obrigação de dar resposta.
O primeiro-ministro estabeleceu como meta as cem mil vacinações diárias a partir do mês de abril. Não sei se é, ou não, uma fasquia demasiado ambiciosa e alcançável dado o número insuficiente de vacinas que têm chegado à União Europeia. Direi apenas que, face à premência da tarefa, cada dia que um lote de vacinas aguarda no frigorifico disponibilidade para ser administrada é um dia perdido.
Na edição do PÚBLICO de 30 de março, num artigo de Alexandra Campos, a task force para a vacinação estima serem necessários 400 médicos, 2500 enfermeiros e 2300 auxiliares, nomeadamente administrativos, podendo haver necessidade do SNS contratar mais profissionais para cumprir aquele objetivo. Situação que se afigura difícil devido ao elo mais forte neste processo, os profissionais de enfermagem, estar comprometido por não haver hoje desemprego no setor, segundo a Ordem e Sindicatos respetivos.
Em período de maior sobrecarga de doentes covid internados, os hospitais do SNS tiveram capacidade logística e disponibilidade de recursos humanos, para vacinar os seus profissionais. Este saber adquirido e a flexibilidade em se organizarem como centros de vacinação pode e deve ser reativado caso o número de profissionais dos Cuidados de Saúde Primários se mostre insuficiente para tão ingente tarefa.
Há, entre os reformados, profissionais que se voluntariam para integrar equipes de vacinação caso haja necessidade. Quem trabalhou e conhece o SNS sabe bem o sentido da palavra solidariedade. Cumprir o objetivo central de atingirmos até agosto uma taxa de vacinação de 70% para se alcançar a imunidade de grupo pode exigir mais trabalho logístico e maior abrangência no recrutamento de recursos humanos, mas está ao nosso alcance.
O panorama mundial e o número crescente de novos casos dos últimos dias indiciam que a designada por quarta vaga covid pode estar a bater-nos à porta. É, pois, necessário assegurar mais vacinas disponíveis e uma vacinação mais rápida, para evitar as consequências de nova recrudescência infeciosa. Às estruturas e profissionais da Saúde compete administrá-las com prontidão, ao Governo empenhar-se em conseguir o número de vacinas necessárias para que todos nos sintamos mais protegidos.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico