Museu da Cidade do Porto vai acolher colecção particular de Távora Sequeira Pinto
Recolhida ao longo de mais de 30 anos, a colecção vai ser exibida no Matadouro Industrial de Campanhã, uma futura extensão do Museu da Cidade, e conta com mais de mil peças do século XV e XIX. Rui Moreira considera que este é “um dos momentos mais importantes da sua governação”.
A colecção particular de Távora Sequeira Pinto vai encontrar uma nova casa no Matadouro Industrial de Campanhã, uma das 16 futuras “estações” do Museu da Cidade. Depois de, em Outubro de 2020, a Câmara Municipal ter assinado um auto de consignação com a Mota-Engil - após anos de um “braço de ferro” com o Tribunal de Contas -, a nova roupagem do Matadouro vai permitir criar condições para “o nascimento de projectos culturais” no local, lê-se em comunicado.
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A colecção particular de Távora Sequeira Pinto vai encontrar uma nova casa no Matadouro Industrial de Campanhã, uma das 16 futuras “estações” do Museu da Cidade. Depois de, em Outubro de 2020, a Câmara Municipal ter assinado um auto de consignação com a Mota-Engil - após anos de um “braço de ferro” com o Tribunal de Contas -, a nova roupagem do Matadouro vai permitir criar condições para “o nascimento de projectos culturais” no local, lê-se em comunicado.
O primeiro passo já foi anunciado e compreende a extensão do Museu da Cidade ao Matadouro, onde vai ser albergada a colecção de Távora Sequeira Pinto, em 2023, que conta com mais de mil peças de pintura, escultura, mobiliário, têxteis, entre outros tipos de obras. Em reunião de Câmara, Nuno Faria, director artístico do museu, apontou a singularidade de algumas das peças e destacou, ainda, o seu “espectro temporal e geográfico vasto, entre a Índia, a China e o Japão, ou outros países em que a presença dos portugueses foi historicamente importante”. As peças adquiridas por Álvaro Sequeira Pinto e emprestadas ao museu têm principal incidência nos séculos XV e XIX, mas também se estendem até à antiguidade clássica e outras épocas.
Para o director artístico, a extensão que se vai erguer no Matadouro de Campanhã é “pivotante” no estímulo de uma reflexão sobre o passado histórico português, como a época dos Descobrimentos, “que considere os contextos e as diferentes narrativas históricas, que integre vários pontos de vista para além de uma perspectiva eurocêntrica, que as ponha à discussão e que fomente um debate descomplexado do ponto de vista social”.
Algumas das peças já foram apresentadas em instituições internacionais, como a Europália, na Bélgica, e o Asian Civilisations Museum, em Singapura, mas é a primeira vez que a colecção, que começou a consolidar-se nos anos 80, vai ser exibida de forma integral. O coleccionador Álvaro Sequeira Pinto acrescentou, na mesma reunião camarária, que esta nova casa vai permitir dar um “novo rumo” à colecção e “a abrirá a novos diálogos, a colocará à fruição e serviço do público e a submeterá abertamente ao mundo e à ciência”.
A proposta de comodato foi aprovada, esta manhã, em reunião do executivo municipal por unanimidade. O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, agradeceu este acto “de generosidade” e considerou-o “um dos momentos mais importantes” da sua governação, permitindo um “sinal último de empenho” no desenvolvimento da zona oriental da cidade.
O projecto de reconversão do antigo Matadouro tem assinatura do arquitecto japonês Kengo Kuma, em parceria com o ateliê portuense OODA (Oporto Office for Design and Architecture), e faz parte de um plano maior de requalificação cultural da zona oriental, onde vão ser ainda construídas mais duas extensões do Museu da Cidade: a da Indústria, na antiga central eléctrica CACE, e a da Natureza, na Quinta da Bonjóia.
Texto editado por Ana Fernandes