Vacinação na Europa é “inaceitavelmente lenta”, critica OMS

“A minha mensagem para os governos da região é que não é hora de relaxar as medidas. Não nos podemos dar ao luxo de ignorar o perigo. Todos fizemos sacrifícios, mas não podemos deixar a exaustão ganhar. Temos de assumir as rédeas do vírus”, afirmou ainda o director regional da OMS para a Europa.

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John Thys/REUTERS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) criticou, esta quarta-feira, a forma como tem estado a decorrer o processo de vacinação no continente europeu, “a segunda região mais afectada pelo SARS-CoV-2” em todo o mundo, que descreve como “inaceitavelmente lento”.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) criticou, esta quarta-feira, a forma como tem estado a decorrer o processo de vacinação no continente europeu, “a segunda região mais afectada pelo SARS-CoV-2” em todo o mundo, que descreve como “inaceitavelmente lento”.

Com o número de infecções a crescer nos países europeus ao longo da última semana – com 1,6 milhões de casos identificados e 24 mil mortes – a OMS lança o alerta: é preciso acelerar o processo de vacinação, uma das medidas mais eficazes contra a pandemia. O número de casos está a aumentar em todas as faixas etárias, à excepção de uma: a dos 80 anos ou mais. E isso deve-se à vacinação.

“As vacinas são a nossa melhor forma de sair desta pandemia”, disse Hans Kluge, o director regional da OMS para a Europa, em comunicado. “Elas funcionam, mas, mais do que isso, são altamente eficientes na prevenção da infecção. Contudo, o processo de vacinação tem sido inaceitavelmente lento. E, enquanto a cobertura continuar baixa, teremos de aplicar as mesmas medidas de saúde pública e sociais que aplicámos no passado, para compensar o atraso nos calendários [de vacinação].”

“Vou ser claro: temos de acelerar o processo ao aumentar o fabrico, reduzir as barreiras à administração das vacinas e usar todas as doses que temos disponíveis agora”, completou.

Até agora, apenas 10% da população europeia foi vacinada com apenas uma dose e apenas 4% recebeu duas. Em Portugal, de acordo com os últimos dados, já 11,74% receberam a primeira dose da vacina e 4,67% receberam as duas. “O risco de a vacinação em curso dar uma falsa sensação de segurança às autoridades e ao público é considerável e acarreta perigo”, afirmou Kluge.

Como a maioria da população europeia ainda não está vacinada, as medidas a implementar para evitar a propagação do vírus são as que já se conhecem: confinamento e medidas de distanciamento físico.

Restrições são necessárias, defende OMS

A OMS defendeu, ainda, que as medidas de restrição na Europa são “necessárias”, devido ao aumento dos casos de covid-19, ao avanço de novas variantes (como a que foi identificada no Reino Unido) e ao perigo que pode significar o aumento da mobilidade na semana da Páscoa. 

Pelo menos 27 países europeus estão em confinamento (total ou parcial), com 21 países a impor recolher obrigatório nocturno. Nas últimas duas semanas, 23 países anunciaram novas restrições para combater o vírus; 13 anunciaram medidas de desconfinamento.

A OMS considerou que os encerramentos da vida pública e da actividade económica deveriam ser usados “enquanto a doença exceder a capacidade dos serviços de saúde para cuidar adequadamente dos pacientes e para acelerar a provisão dos sistemas de saúde locais e nacionais”.

“A situação na região é agora mais preocupante do que vimos em vários meses”, disse a directora regional da OMS para Emergências na Europa, Dorit Nitzan. “Muitos países estão a introduzir novas medidas (de combate à pandemia) que são necessárias e todos devem segui-las tanto quanto possível”, acrescentou Nitzan. Na sua opinião, também existem “riscos associados” ao “aumento da mobilidade” e às reuniões nestes feriados da Páscoa.

“O factor mais importante que determina quantas pessoas ficam infectadas e quantas morrem nas próximas semanas é o que fazemos enquanto indivíduos – ou o que não fazemos. Já vimos isto várias vezes: a propagação pode ser contida. A minha mensagem para os governos da região é que não é hora de relaxar as medidas. Não nos podemos dar ao luxo de ignorar o perigo. Todos fizemos sacrifícios, mas não podemos deixar a exaustão ganhar. Temos de assumir as rédeas do vírus”, afirmou Hans Kluge.