John le Carré pediu cidadania irlandesa e a culpa é do Brexit
“Esta é sem dúvida a maior catástrofe e a maior idiotice que a Grã-Bretanha perpetrou desde a invasão de Suez”, declara o escritor sobre a saída do país da União Europeia.
John le Carré, escritor britânico conhecido pelos seus romances de espionagem, obteve cidadania irlandesa pouco antes de morrer, no final do ano passado, aos 89 anos. De acordo com o filho, Nicholas, a desilusão com o seu país natal e, em particular, com o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, levou-o a dar esse passo, explica num testemunho à BBC.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
John le Carré, escritor britânico conhecido pelos seus romances de espionagem, obteve cidadania irlandesa pouco antes de morrer, no final do ano passado, aos 89 anos. De acordo com o filho, Nicholas, a desilusão com o seu país natal e, em particular, com o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, levou-o a dar esse passo, explica num testemunho à BBC.
“Esta é sem dúvida a maior catástrofe e a maior idiotice que a Grã-Bretanha perpetrou desde a invasão de Suez”, foram as palavras do autor, citadas pela Reuters. “A ideia, para mim, de que podemos substituir o acesso ao maior mercado do mundo pelo simples acesso ao mercado americano é aterradora”, justificou.
Mesmo nos livros que escrevia, a imagem que le Carré — cujo nome de baptismo era David Cornwell — dava do seu país natal era negativa. Os seus romances mostravam uma Grã-Bretanha pós-imperial incompetente, impiedosa e, muitas vezes, corrupta. A insatisfação com a política externa dos Estados Unidos era também evidente e estava cada vez mais presente nos seus textos.
Num referendo de 2016, 51,9% dos eleitores britânicos escolheu deixar a União Europeia, vendo esta como uma oportunidade de escapar a um projecto franco-alemão estagnado, em comparação a um avanço notável dos Estados Unidos e da China. No entanto, os opositores crêem que o Brexit enfraquecerá o Ocidente, reduzirá a influência global da Grã-Bretanha, tornará as pessoas mais pobres e diminuirá o cosmopolitismo do país.