Edição do genoma pode reduzir impacto da agricultura no ambiente

Num relatório, cientistas afirmam que o uso das novas tecnologias que permitem editar o genoma em plantas pode ajudar a União Europeia a garantir a segurança alimentar e a reduzir o impacto da agricultura no ambiente.

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Cientistas alertam para a necessidade de criar alternativas sustentáveis para assegurar a segurança alimentar Miguel Manso

O uso de novas tecnologias que permitem editar o genoma em plantas pode ajudar a reduzir o impacto da agricultura no ambiente e garantir a segurança alimentar, segundo um relatório do grupo europeu de ética em ciências.

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O uso de novas tecnologias que permitem editar o genoma em plantas pode ajudar a reduzir o impacto da agricultura no ambiente e garantir a segurança alimentar, segundo um relatório do grupo europeu de ética em ciências.

“O Grupo Europeu de Ética em Ciências e Novas Tecnologias (EGE) acaba de divulgar o relatório Ética na Edição do Genoma. Nele, os cientistas afirmam que o uso das novas tecnologias que permitem editar o genoma em plantas pode ajudar a União Europeia a garantir a segurança alimentar, a reduzir o impacto da agricultura no ambiente e a cumprir a Estratégia do Prado ao Prato”, lê-se numa nota do Centro de Informação de Biotecnologia (CIB) enviada à agência Lusa.

No documento, os cientistas alertaram ainda para a necessidade de criar alternativas “viáveis e sustentáveis” para assegurar a segurança alimentar, o fornecimento de recursos renováveis e salvaguardar a biodiversidade. Para o EGE, a União Europeia (UE) deve acelerar a utilização de edição de ADN no melhoramento de plantas, o que levará a uma “produção mais sustentável de alimentos”.

A edição do ADN de plantas é um processo com resultados finais semelhantes aos obtidos pelos métodos tradicionais de melhoramento de plantas, muitos deles baseados na indução de mutações com o objectivo de induzir novas características. A grande diferença reside no tempo e na precisão que são necessários para melhorar ou introduzir características específicas nas plantas”, apontou o CIB. Citado no mesmo documento, o presidente da direcção do CIB, Jorge Canhoto, referiu que a edição do genoma deve “reflectir as evidências científicas actuais, devendo a sua adopção ou não, para cada caso específico, corresponder a uma ponderada avaliação dos riscos e benefícios”.

Neste sentido, a avaliação das agências reguladoras deve centrar-se nas características da variedade em causa, nomeadamente, no que se refere à sua avaliação ambiental e em termos de saúde, apontou. O relatório em causa reconhece também o esforço na redução da utilização de agroquímicos na agricultura, mas chama a atenção que esta deve ser acompanhada por alternativas para os agricultores “manterem ou mesmo aumentarem” os níveis de produção.

“Uma estratégia deste tipo só faz sentido se a redução de agroquímicos for acompanhada pela obtenção de plantas mais aptas para sobreviver em condições de stress como aquelas que se esperam em extensas áreas do continente europeu devido às alterações climáticas”, vincou o presidente da direcção da CIB. O relatório Ética na Edição do Genoma integra um estudo que a Comissão Europeia está a realizar a pedido dos Estados-membros para aferir a segurança na utilização de novas tecnologias genómicas.