Autotestes devem chegar às farmácias esta semana com preço a rondar os 10 euros
Testes desenvolvidos por empresa sul-coreana e distribuídos pela multinacional Roche vão poder ser comprados em caixas de 25 ou individualmente. Vão estar isentos de IVA.
Os testes que qualquer cidadão poderá realizar em casa para detectar se está infectado com o novo coronavírus devem começar a chegar às farmácias e parafarmácias, onde serão vendidos, até ao final desta semana. Poderão ser comprados por pessoas a partir dos 18 anos em caixas de 25 testes ou de forma individual. O preço, por exame, deve rondar os 10 euros e estará isento de IVA.
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Os testes que qualquer cidadão poderá realizar em casa para detectar se está infectado com o novo coronavírus devem começar a chegar às farmácias e parafarmácias, onde serão vendidos, até ao final desta semana. Poderão ser comprados por pessoas a partir dos 18 anos em caixas de 25 testes ou de forma individual. O preço, por exame, deve rondar os 10 euros e estará isento de IVA.
Na sexta-feira passada, o Infarmed autorizou em Portugal o primeiro autoteste para detectar o SARS-CoV-2, desenvolvido pela empresa sul-coreana SD Biosensor e distribuído pela multinacional suíça Roche. Depois foi necessário imprimir as bulas com as instruções em português sobre como recolher a amostra nasal e como realizar o teste rápido de antigénio, além de outros materiais necessários à comercialização, como o rótulo “Autoteste COVID-19 – Regime Excepcional”, que tem de constar obrigatoriamente nas embalagens.
“Estamos a ultimar a preparação e a adequação de todos os procedimentos e materiais exigidos pela entidade reguladora. Estimamos que ainda durante esta semana seja possível terminar este processo e assim garantir todas as condições para que possamos fornecer os testes rápidos de antigénio nos pontos de venda autorizados (farmácias e parafarmácias) de forma que seja possível iniciar a sua comercialização”, adiantou a Roche numa resposta escrita enviada ao PÚBLICO.
O jornal tentou junto do Infarmed saber se já foram recebidos outros pedidos de registo e qual o tempo médio de análise dos mesmos, mas a autoridade nacional do medicamento não respondeu.
Contactou igualmente o Ministério da Saúde, para saber se o Estado vai comparticipar estes testes, mas, até ao início da noite desta terça-feira, não obteve resposta. O Governo também não esclareceu se vai definir um tecto máximo para o custo de cada autoteste nem se já criou os formulários electrónicos que deverão estar disponíveis na página covid19.min-saude.pt que permitirão reportar os resultados destas análises. Estes exames de diagnóstico in vitro, semelhantes a um teste de gravidez, vão ficar isentos de IVA, de acordo com uma lei publicada em Fevereiro, que transpõe uma directiva da União Europeia.
A Roche explica que o teste será vendido de duas formas: numa caixa de 25 testes ou numa embalagem individualizada, durante uma fase inicial, sem caixa. O kit é sempre o mesmo e é composto pelos seguintes elementos: uma zaragatoa, instruções em português, uma tira de teste, um tubo com tampão (onde a amostra é misturada com um reagente) e uma tampa doseadora (que permite retirar quatro gotas que serão colocadas na tira de teste). Neste exame, a amostra é recolhida com a introdução de cerca de dois centímetros da zaragatoa na zona frontal da narina, um procedimento bem mais simples do que a colheita da nasofaringe utilizada nos testes de diagnóstico actuais, mais invasiva e que obriga à utilização de zaragatoas mais compridas. O resultado demora entre 15 e 30 minutos a aparecer.
À Associação Nacional das Farmácias (ANF) têm chegado muitas dúvidas dos associados sobre a comercialização dos autotestes. “Acreditamos que em breve o mercado esteja abastecido”, refere Duarte Santos, da direcção da ANF, que acrescenta não possuir informações sobre preços. A Roche confirma que já tem muitas encomendas, mas não levanta o véu sobre os preços.
“Custo não deve ser barreira”
“A Roche tem, à data, disponível para entrega o volume de testes adequado às solicitações que tem recebido, não se antevendo dificuldades na disponibilização dos mesmos à população”, diz a multinacional. Sobre o preço, a empresa suíça diz que “será definido pelo ponto de venda onde o teste será comercializado” e que o “custo não deve ser uma barreira ao acesso”. E completa: “Acreditamos que o preço que venha a ser fixado será feito de forma responsável para que haja acesso aos testes por quem deles necessita.”
Apesar do secretismo, não é difícil encontrar as caixas de 25 testes da Roche à venda na Internet, tanto no Reino Unido, como em França e até em Portugal, já que este produto está autorizado para ser executado por profissionais de saúde. O preço é variável. Em Portugal, uma caixa de 25 testes custa no site Medline, que comercializa material médico de uso profissional, 240 euros, o que dá 9,6 euros por cada kit. No Reino Unido, os preços do mesmo produto oscilam entre os 200 e os 250 euros. O preço mais baixo foi encontrado em França, onde a mesma caixa com 25 testes custava 150 euros. Em Portugal, segundo uma fonte ligada à comercialização do produto, cada teste deve rondar os 10 euros, um valor que pode ou não ser ultrapassado dependendo da margem do revendedor.
Este autoteste foi sujeito a um estudo realizado num centro clínico em Berlim com 146 participantes. O teste rápido sul-coreano identificou correctamente 83% das pessoas infectadas e 100% das pessoas não infectadas, quando os resultados são comparados com outros de testes moleculares, os mais fiáveis, também conhecidos por PCR. Quando realizado nos primeiros cinco dias após o início dos sintomas, a taxa subiu para 86% dos indivíduos infectados. Isso significa que, em 100 pacientes infectados, o teste detecta o novo coronavírus em 83. Se o exame for realizado nos cinco dias após o início dos sintomas, o teste identificará correctamente 86 de 100 pacientes infectados.