Pressão nos hospitais obriga França a encerrar escolas por três semanas

Emmanuel Macron disse ter feito tudo para adiar o regresso das medidas de confinamento, mas a situação é grave nos hospitais franceses.

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Macron falou ao país para anunciar medidas de confinamento SEBASTIEN NOGIER / EPA

Em plena aceleração da pandemia, França vai voltar a impor medidas de confinamento, que incluem o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino durante três semanas e a proibição de deslocações entre regiões diferentes.

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Em plena aceleração da pandemia, França vai voltar a impor medidas de confinamento, que incluem o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino durante três semanas e a proibição de deslocações entre regiões diferentes.

O anúncio foi feito pelo Presidente Emmanuel Macron esta quarta-feira ao fim do dia e foi justificado pela forte pressão sentida pelos hospitais em todo o país. Desde meados de Março que a França regista consistentemente mais de 30 mil novos casos diariamente e a lotação média nas unidades de cuidados intensivos a nível nacional está acima dos 90%. Actualmente estão mais de cinco mil pessoas internadas nestes serviços, batendo o recorde registado na segunda vaga, no final de Novembro.

Para tentar travar os contágios, as regras de confinamento que já estavam em vigor em 19 departamentos vão ser estendidas para todo o território metropolitano – os territórios ultramarinos mantêm-se no regime actual – durante pelo menos um mês. Essas regras incluem o recolher obrigatório às 19 horas, a “sistematização do teletrabalho”, que Macron sublinhou ser “o melhor método de combate às infecções”, e o encerramento dos estabelecimentos comerciais. As deslocações entre diferentes regiões também passam a estar proibidas, excepto para casos urgentes.

Porém, Macron precisou que durante o fim-de-semana da Páscoa, “quem desejar mudar de região para se isolar” poderá fazê-lo.

A grande mudança é a suspensão das aulas presenciais para todos os níveis de ensino durante as próximas três semanas. Essa medida vinha sendo exigida por vários sectores nas últimas semanas, desde médicos a autarcas. O calendário escolar foi adaptado para mitigar os efeitos junto dos alunos – apenas a próxima semana será de aulas e as duas seguintes são de férias antecipadas.

A partir de 26 de Abril reabrem apenas as creches e as escolas primárias, mantendo-se os restantes em ensino à distância. O regresso das aulas presenciais para todos os níveis de ensino está marcado para 3 de Maio.

O Presidente francês também actualizou o calendário da vacinação, dizendo esperar que a partir de 15 de Maio os cidadãos entre os 50 e os 60 anos possam ser imunizados e que a partir de meados de Junho o processo seja alargado a quem tem menos de 50 anos. “Até ao fim do Verão todos os franceses com mais de 18 anos serão vacinados se assim o quiserem”, disse Macron. Se tudo correr como planeado, o Governo pretende reabrir gradualmente salas de espectáculos e esplanadas de restaurantes a partir de meio de Maio. 

Macron tem sido criticado por não ter decretado um confinamento nacional no final de Janeiro, mas defendeu a decisão. Uma das vantagens, disse, foi o impacto reduzido sobre o ensino, sublinhando que França foi dos países que menos tempo passou com as escolas fechadas na Europa. No entanto, a propagação da estirpe britânica do vírus SARS-CoV-2 apresenta “um novo quadro”, disse o Presidente. “Fizemos tudo para tomar estas decisões o mais tarde possível e no momento em que eram estritamente necessárias”, afirmou Macron.