Líder birmanesa Suu Kyi está bem de saúde, diz advogado

Ainda este mês Estados Unidos tinham expressado preocupação com a antiga líder de facto da Birmânia, deposta num golpe militar e a enfrentar várias acusações em tribunal.

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Um advogado da líder deposta da Birmânia, Aung San Suu Kyi, disse que a sua cliente estava de boa saúde, depois de ter tido uma vídeo-chamada com ela para discutir o seu caso em tribunal.

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Um advogado da líder deposta da Birmânia, Aung San Suu Kyi, disse que a sua cliente estava de boa saúde, depois de ter tido uma vídeo-chamada com ela para discutir o seu caso em tribunal.

Não se sabe onde Suu Kyi, 75 anos está detida; a BBC especulava recentemente que teria estado primeiro em prisão domiciliária, mas que agora teria sido levada para outro local.

O advogado, Min Min Soe, disse à Reuters que Suu Kyi não concordara com a vídeo-chamada, que decorreu na presença de polícias, tendo pedido antes uma audiência presencial.

A sua próxima audiência em tribunal está marcada para amanhã.

Suu Kyi é acusada de violar uma lei de importação e exportação por ter seis walkie-talkies em casa, de violar as normas sanitárias de controlo da pandemia, e incitamento a protestos públicos. Os militares parecem estar ainda a preparar-se para a acusar também de corrupção, depois de duas conferências de imprensa a mencionar o suposto crime. Os advogados dizem que todas as acusações são falsas e forjadas pelo exército.

Os protestos nunca pararam desde o golpe militar de 1 de Fevereiro, e pedem o fim do regime militar e a libertação de Suu Kyi. O número de civis mortos na sua repressão já passou os 500.

A preocupação com o estado de saúde de Suu Kyi tem-se devido não só às suas raríssimas apresentações em público, apenas por vídeo nas audiências no tribunal, e em meados deste mês os Estados Unidos declararam que tentaram contactá-la, sem sucesso.

Dois membros do partido de Suu Kyi, que venceram as eleições de Novembro do ano passado, morreram depois de terem sido detidos. Os Estados Unidos deram então conta de um pedido de contacto com Suu Kyi, feito desde o golpe de Fevereiro, e ainda não respondido.

Suu Kyi, Nobel da Paz em 1991 pelo activismo a favor da democracia na Birmânia, passou 15 anos presa, em prisões do regime ou, a maioria, em isolamento em sua casa, entre 1989 e 2010, sendo na altura uma das mais relevantes prisioneiras políticas do mundo.

Com o processo de transição de poder que os militares iniciaram há uma década, Suu Kyi foi assumindo um papel nos executivos da Birmânia, embora não a presidência porque a Constituição não permite acesso ao cargo de alguém que teve dois filhos nascidos em Londres de um marido britânico. “Nenhum dos filhos legítimos pode dever lealdade a um poder estrangeiro”, diz a Constituição, aprovada em 2008 (os militares mantiveram sempre poder suficiente para impedir a sua revisão).

A admiração internacional transformou-se em descrença pelo seu silêncio em relação à perseguição aos rohingya pelos militares birmaneses, que a ONU diz ter “intenções genocidas”. E foi muito criticada quando defendeu mesmo das acções dos militares – foi ela quem decidiu ir pessoalmente a Haia para defender a Birmânia de acusação de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça.