Encontrado em Lisboa líder da máfia italiana que estava a ser tratado à covid-19
Com 43 anos, Francesco Pelle é considerado um dos dirigentes da ‘Ndrangheta, da Calábria. Está internado no Hospital de S. José com prognóstico reservado.
Francesco Pelle, conhecido pela alcunha “Ciccio Pakistan” e considerado um dos dirigentes da ‘Ndrangheta, máfia da região da Calábria (Itália), foi detido na segunda-feira em Lisboa, onde está internado depois de ter contraído covid-19.
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Francesco Pelle, conhecido pela alcunha “Ciccio Pakistan” e considerado um dos dirigentes da ‘Ndrangheta, máfia da região da Calábria (Itália), foi detido na segunda-feira em Lisboa, onde está internado depois de ter contraído covid-19.
De acordo com o Corriere della Sera, “Ciccio Pakistan” era considerado um dos 30 fugitivos italianos mais perigosos e era procurado pelas autoridades de Itália e internacionais desde 2007.
Na manhã de segunda-feira, o alegado criminoso, de 43 anos, foi encontrado pelas autoridades no Hospital de São José, onde se encontra a receber tratamento para a doença provocada pelo SARS-CoV-2. O seu prognóstico clínico é considerado reservado. Caso recupere, o dirigente da ‘Ndrangheta deverá iniciar o cumprimento uma sentença de prisão perpétua.
A família Pelle, juntamente com a Vottari, protagonizou um massacre contra a máfia Nirta-Strangio, que matou e feriu dezenas de pessoas, incluindo Maria Strangio, mulher de Giovanni Luca Nirta, e uma criança de cinco anos. A emboscada ocorreu no Natal de 2005 e provocou a vingança da Nirta-Strangio, presumível autora do massacre em Duisburgo, na Alemanha, que matou sete pessoas dois anos mais tarde, em 2007.
Francesco Pelle também tinha sido alvo de uma emboscada poucos dias antes da celebração do Natal. O alegado líder da máfia calabresa foi baleado na coluna quando estava sentado no terraço de casa. Ficou preso a uma cadeira de rodas, mas continuou a planear a vingança por causa da tentativa de homicídio. “Ciccio Pakistan” terá imputado o crime à família rival e terá ordenado o massacre em 2005, que acabou com a morte da mulher de Giovanni Luca Nirta.
A detenção foi possível, prossegue o Corriere della Sera, por causa dos esforços conjuntos da Unidade Nacional Contra-Terrorismo da Polícia Judiciária portuguesa e de uma unidade de Carabinieri da Calábria. Contactada pelo PÚBLICO, a PJ não confirma nem desmente por enquanto a notícia. Porém, na página oficial do Ministério do Interior italiano a ministra Luciana Lamorgese congratulava-se ontem à noite com os resultados alcançados graças à cooperação internacional das duas polícias.
O líder mafioso anda a monte desde o Verão de 2019, pouco antes de ser definitivamente condenado a prisão perpétua. No mesmo comunicado oficial, a governante italiana sublinha “o empenho e determinação das forças policiais na captura dos mais importantes expoentes do crime organizado que fugiram para o estrangeiro”.
Operações como esta - acrescentou - “reforçam a imagem do Estado, empenhado no combate às organizações mafiosas num momento extremamente delicado para o país, em que os criminosos tentam tirar proveito da gravidade dificuldades económicas e sociais “.
O Corriere della Sera acrescenta que está a decorrer em simultâneo uma operação, com a colaboração da Interpol, para encontrar os alegados cúmplices de Pelle. Em declarações à imprensa italiana, o procurador Giovanni Bombardieri não esconde sua satisfação com a captura. “Nunca cessámos de o procurar. Fazia parte da lista especial de criminosos de perigosidade máxima do Ministério do Interior. As investigações prosseguem para apurar como escapou há dois anos e quem o ajudou”.
A Ndrangheta é considerada uma organização que funciona de forma ainda mais cruel que a sua congénere siciliana, a Cosa Nostra, tendo estado ligada à introdução de cocaína colombiana na Europa.