Ex-comentadora da TVI Suzana Garcia apontada como candidata do PSD à Amadora
Estruturas locais deram parecer positivo, mas falta a homologação da direcção de Rui Rio.
A ex-comentadora da TVI e jurista Suzana Garcia obteve parecer favorável das estruturas locais do PSD para ser candidata à Câmara da Amadora nas próximas autárquicas. Ao que o PÚBLICO apurou, o processo ainda não chegou à comissão política nacional do partido para ser homologado.
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A ex-comentadora da TVI e jurista Suzana Garcia obteve parecer favorável das estruturas locais do PSD para ser candidata à Câmara da Amadora nas próximas autárquicas. Ao que o PÚBLICO apurou, o processo ainda não chegou à comissão política nacional do partido para ser homologado.
Depois da concelhia, a distrital do PSD de Lisboa aprovou na segunda-feira, por maioria, a indicação de Suzana Garcia para a Câmara da Amadora, que é conhecida por assumir posições polémicas e que chegou a ser convidada pelo Chega para ser candidata autárquica, tendo recusado. Em entrevista ao Polígrafo/SIC, André Ventura chegou a dizer, sobre a advogada: “É uma candidata de que gosto muito”.
O processo agora desencadeado pelas estruturas locais só deverá ser apreciado pela direcção de Rui Rio depois de dia 31 deste mês, que é o prazo dado para as concelhias indicarem os candidatos autárquicos.
Suzana Garcia nasceu em Maputo, Moçambique, e foi comentadora do programa das manhãs Você na TV, na TVI, sobre assuntos criminais e de justiça, tendo saído em Setembro do ano passado. Na rubrica Crónica Criminal desse programa, a advogada ganhou notoriedade ao defender propostas polémicas como a castração química de pedófilos condenados, razão pela qual chegou a ser associada ao partido de André Ventura.
“Preferia que não me ligassem a ninguém. Não gosto que me associem a ninguém. O que digo e faço só me onera a mim”, disse, sobre o assunto, numa entrevista à revista Sábado, em Março de 2020, na qual se definiu como “uma pessoa de direita que se classificaria de moderada”.
Nessa altura, a comentadora revelou que já havia sido convidada para militar em "dois partidos políticos de direita”. “Um deles considerei insultuoso, no outro a resposta foi a mesma, embora o tivesse feito com delicadeza. Insultuoso porque é um partido… Nem sequer o classifico como partido. Se mandasse, nem existia. Pensar que eu poderia comungar daquele ideário político é insultuoso. E não acho que seja dócil com os direitos das mulheres”, insistiu, sem nunca revelar qual o partido a que se referia.
Uma das polémicas em que se viu envolvida por causa das suas opiniões expressas na televisão teve a ver com a morte de Luís Giovani, o jovem cabo-verdiano que foi espancado à porta de uma discoteca de Bragança, cidade onde estudava. Ao defender que não tinha havido um silêncio sobre o caso, Suzana Garcia disse: “Falou-se. Não se falou foi histericamente como esta gentalha queria que se falasse”. Mais tarde, e na sequência de acusações de racismo, teve de se justificar, dizendo que a “gentalha” a que se referia não eram cabo-verdianos. "Não posso ser responsável pelas interpretações que as pessoas quiserem dar. A minha avó é negra e a minha mãe é mulata. Na minha família materna tenho primos que não falavam comigo há imenso tempo que voltaram a mim [após as acusações]. Aproximou a minha família materna”.
A Câmara da Amadora é governada pelo PS e é uma autarquia onde o PSD tem muitas dificuldades em eleições locais.