Nike processa empresa que fez sapatilhas Satan Shoes com o rapper Lil Nas X
Os sapatos em questão são uns Nike Air Max 97 personalizados com tinta vermelha e “uma gota de sangue humano” na sola. Cantor aproveita lançamento de música para assumir homossexualidade.
A Nike processou uma empresa sediada em Nova Iorque, que produziu os Satan Shoes, em colaboração com o rapper Lil Nas X, na segunda-feira. Supostamente os ténis contêm uma gota de sangue humano. A empresa de desporto norte-americana alega que a MSCHF Product Studio Inc. infringiu e diluiu a sua marca com os sapatos pretos e vermelhos com o tema do diabo, que foram colocados à venda online no início da semana. O rapper não é citado como réu no processo.
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A Nike processou uma empresa sediada em Nova Iorque, que produziu os Satan Shoes, em colaboração com o rapper Lil Nas X, na segunda-feira. Supostamente os ténis contêm uma gota de sangue humano. A empresa de desporto norte-americana alega que a MSCHF Product Studio Inc. infringiu e diluiu a sua marca com os sapatos pretos e vermelhos com o tema do diabo, que foram colocados à venda online no início da semana. O rapper não é citado como réu no processo.
Os sapatos em questão são uns Nike Air Max 97 que foram personalizados com tinta vermelha e “uma gota de sangue humano” na sola, além de o fecho ser um pentagrama e ter a inscrição “Luke 10:18”, uma referência ao Evangelho de São Lucas, capítulo 1o, versículo 18, em que está escrito que Satanás foi expulso do céu. Foram feitos 666 pares destas sapatilhas — uma edição limitada ao número que alegadamente corresponde ao diabo. A parte de trás de um dos sapatos diz “MSCHF” e o outro "Lil Nas X.”
Vários meios de comunicação avançaram que as sapatilhas se esgotaram em menos de um minuto a um custo de 1018 dólares (864 euros, o par). Lil Nas X disse no Twitter que escolheria o destinatário do 666.º par entre os utilizadores daquela rede social.
No processo que entrou num tribunal federal nova-iorquino, a Nike alega que o calçado foi produzido sem a sua “aprovação e autorização” e que a empresa “não tem nenhuma ligação a este projecto”. Depois da polémica criada em torno destas sapatilhas, a marca quer distanciar-se, exigindo que a MSCHF pare de distribuir os Satan Shoes e pede uma indemnização. “Já há provas significativas da confusão que está a ocorrer no mercado, incluindo apelos para boicotar a Nike em resposta ao lançamento dos Satan Shoes da MSCHF com base na crença equivocada de que a Nike autorizou ou aprovou este produto”, é referido no processo.
Mau exemplo para crianças
Representantes de Lil Nas X e MSCHF ainda não reagiram a este processo. O rapper, de 21 anos, lançou no final da semana um videoclip da música “Montero (Call Me By Your Name)”, que rapidamente chegou a número um do iTunes nos EUA. Neste, o artista dança com o diabo, fazendo-lhe uma lap dance. Segundo a revista Cosmopolitan, os pais norte-americanos estão indignados com o teor da música e do videoclip, sendo este discutido até pela governadora Kristi Noem, do Dakota do Sul.
Em resposta aos que dizem que o cantor é uma má influência para os mais novos, o próprio defende que cabe aos pais a decisão de deixar os filhos ouvirem a sua música. Por isso, se querem culpar alguém, que se culpem a si mesmos. Quanto à governadora republicana que está preocupada com a alma das crianças, responde-lhe simplesmente que “vá trabalhar”, em vez de estar nas redes sociais a dissertar sobre sapatilhas. Ao que a governadora retorquiu com uma citação bíblica, desta vez, Mateus 16:26, que pergunta o que “adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?”.
No dia do lançamento do videoclip, minutos antes de o fazer, o cantor fez uma publicação no Twitter que é uma carta dirigida a si próprio, quando tinha 14 anos, em que fala sobre o assumir-se publicamente como homossexual. De seu nome de baptismo, Montero Lamar Hill, o rapper confessa que escreveu a letra da música com o seu nome e que é sobre uma pessoa que conheceu no Verão passado.
“Eu sei que prometemos nunca revelar publicamente, eu sei que prometemos nunca ser ‘aquele’ tipo de pessoa gay, eu sei que prometemos morrer com o segredo, mas isso vai abrir portas para muitas outras pessoas queer existirem simplesmente’, escreveu, confessando que assumir-se foi difícil e que muitos o acusarão de ter uma agenda.
No início da música, o rapper diz: “Na vida, escondemos as partes de nós mesmos que não queremos que o mundo veja.” Acrescentando: “Fechamo-las, dizemos ‘não’. Banimo-las, mas aqui, não o fazemos. Bem-vindo a Montero.” Não é a primeira vez que o cantor fala da sua homossexualidade, segundo a NBC, em Junho de 2019, o artista fez referência a um arco-íris reflectido num prédio, na capa do seu álbum C7osure, que saiu nesse ano, com a afirmação: “Pensei ter deixado isto claro.”