Portugal adormecido teve de suar para abater o Luxemburgo

Porventura sobranceiro e crente nas fragilidades do adversário, Portugal fez meia hora penosa e entrou a perder. Quando quis, deu a volta à partida, com golos de Diogo Jota e Ronaldo.

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LUSA/Julien Warnand

Longe vão os anos em que jogar com o Luxemburgo era, em conversas de café, discutir “hoje quantos são?”. Em 2021, a selecção do pequeno país da Europa Central já não é o “saco de pancada” dos “tubarões” do continente e Portugal sentiu-o na pele nesta terça-feira.

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Longe vão os anos em que jogar com o Luxemburgo era, em conversas de café, discutir “hoje quantos são?”. Em 2021, a selecção do pequeno país da Europa Central já não é o “saco de pancada” dos “tubarões” do continente e Portugal sentiu-o na pele nesta terça-feira.

A selecção nacional bateu o Luxemburgo por 3-1, em jogo da terceira jornada do grupo A de qualificação para o Mundial 2022, numa partida em que chegou a estar em desvantagem no marcador, depois de meia hora penosa.

Com este triunfo sofrido, Portugal faz, ainda assim, o mínimo exigível: a fechar uma sequência de três jogos oficiais em oito dias, ganhar e colar-se à Sérvia na liderança do grupo era o mais relevante – os números no marcador, a qualidade exibicional e os recordes individuais teriam de ficar para segundo plano.

Apesar de ter dado a volta ao resultado, Portugal apresentou-se cansado e pouco intenso, tendo mesmo vivido fases em foi remetido à defesa por um Luxemburgo claramente menos engenhoso, mas muito mais pujante. Valeu a qualidade dos executantes portugueses.

Equipa partida

Portugal entrou neste jogo totalmente hibernado. Porventura por sobranceria e excesso de confiança, a equipa portuguesa esteve cerca de meia hora sem intensidade – com e sem bola – e num 4x2x4 dividido em duas equipas: sete jogadores a defenderem, quatro a atacarem.

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Com muitos jogadores na frente, mas sem conseguir alimentá-los – os laterais não atacavam e os alas não baixavam para ajudar na criação –, Portugal não só não produzia futebol ofensivo como teve de dividir o jogo com o modesto Luxemburgo. Modesto apenas nos nomes, porque a postura esteve longe de o ser.

A equipa luxemburguesa montou um 4x4x2 audaz, até pelo bloco médio/alto que apresentava sem bola, e, com ela, chegava a ter uma mão cheia de jogadores em zonas de finalização.

Só aos 23’ Portugal atirou à baliza (livre directo de Ronaldo) e só aos 29’ o fez em jogo corrido (jogada de Cancelo e remate de Renato Sanches). Logo a seguir, o adormecimento português teve consequências maiores do que apenas a falta de jogo ofensivo. Ninguém pressionou Sinani, que teve tempo e espaço para cruzar para a finalização de cabeça de Gerson Rodrigues, muito mais intenso do que Rúben Neves no ataque à bola.

E foi aqui que Portugal acordou. Mais rapidez na circulação de bola e, sobretudo, mais soluções para criar, sobretudo quando a lesão de João Félix e entrada de Pedro Neto permitiram a Bernardo Silva deixar o corredor e oferecer mais “perfume” na fase de criação – até então, refém dos raides individuais de Renato. Também os laterais puderam envolver-se mais sem a selecção naquele 4x2x4 dividido em duas equipas.

Nesta fase houve remates de fora da área (Renato e Bernardo), houve um cabeceamento torto de Ronaldo em “posição de golo” (cruzamento tremendo de Nuno Mendes) e, aos 45+1’, houve cruzamento de Pedro Neto para o cabeceamento vitorioso de Diogo Jota.

O pequeno extremo voltou a mostrar leitura de jogo, capacidade de movimentação na área técnica apurada no jogo aéreo, com um excelente golpe de cabeça – entre selecção e clube, já é o quinto golo de cabeça na temporada, depois dos dois marcados há dias à Sérvia.

Ronaldo encaminhou, Palhinha resolveu

O intervalo veio interromper o despertar português, mas não o comprometeu. A segunda parte regressou com Portugal ainda intenso e, sobretudo, com vontade de acabar com o jogo. Logo aos 50’, Cancelo cruzou para uma boa finalização de Ronaldo, que, sem marcação a preceito, colocou o resultado mais próximo do que seria previsível e chegou aos 103 golos pela selecção.

Pouco depois, Nuno Mendes fez uma jogada individual que terminou com remate perigoso e defesa do guardião Moris e Diogo Jota, novamente de cabeça, atirou à trave num canto. Em cerca de 25 minutos, com o intervalo pelo meio, Portugal poderia ter acabado com a partida.

A vantagem no marcador espoletou novo adormecimento português no jogo, talvez já não só por falta de empenho, mas também por fadiga física de quem já estava no terceiro jogo oficial em oito dias.

Olhando para o banco, João Palhinha e Sérgio Oliveira, jogadores sempre intensos, poderiam ter sido úteis nesta fase do jogo e Fernando Santos chamou mesmo o sportinguista, fazendo entrar também Rafa, porventura para “matar” o jogo em transição, numa fase em que o Luxemburgo teria de se “esticar” mais no campo.

Depois de alguns minutos de futebol nulo de parte a parte, foi Anthony Lopes quem evitou o golo luxemburguês, aos 70’. Nesta fase, era até algo bizarra a forma como o campeão da Europa estava a ser remetido a 40 metros de terreno, sobretudo fruto da falta de capacidade de ganhar bolas divididas – que caíam sempre para os menos engenhosos, mas mais pujantes luxemburgueses.

O cúmulo do adormecimento português chegou aos 77’, quando Gerson ofereceu a bola a Ronaldo. Isolado e com tempo para finalizar a preceito, o capitão da selecção permitiu duas defesas a Moris.

O jogo ficou resolvido aos 80’, novamente pelo jogo aéreo: cruzamento de Pedro Neto, outra assistência na partida, e cabeceamento de Palhinha.

Exceptuando cerca de 25 minutos, Portugal não quis muito deste jogo e teve de valer-se da qualidade individual dos seus jogadores para vencer a partida. E, depois de três jogos seguidos, isso era o mais importante.