O título desta recensão pode induzir em erro. Mas não menos do que a fórmula “porque é que Marx tinha razão”. Terry Eagleton pouco terá de kantiano, e não deixa de causar estranheza esta reivindicação que mais faria pensar num publicitário, ou num vendilhão de fórmulas vencedoras. O leitor que não o soubesse já, rapidamente perceberá que o título deste estudo é uma forma de ser conciso e, sobretudo, um dos inúmeros indícios de um espírito aguerrido que parece estruturar uma visão das coisas ao mesmo tempo rigorosa e irónica. Eagleton não argumenta contra a razão de Marx, mas o seu marxismo não o impede de ter as vistas largas, nem lhe proíbe uma leitura rigorosa, sem apologias desmedidas. Se o leitor se esquecer, por instantes, de que tem diante de si o livro de um marxista, poderá, em certos momentos, pensar que está prestes a entrar no momento “refutação de Marx”: “há algo carnavalesco no pensamento de Marx; como há nas ideias de Nietzsche e Freud. A baixeza é sempre uma presença obscura escondida nas coisas mais nobres. (...) Na base das nossas concepções mais nobres está a violência, a carência, o desejo, o apetite, a penúria e a agressividade. Esse é o lado secreto e obscuro do que chamamos civilização.” (p.157) Mas este é apenas um dos sinais de que a via percorrida pelo autor inglês é a da análise, e não a do proselitismo.
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O título desta recensão pode induzir em erro. Mas não menos do que a fórmula “porque é que Marx tinha razão”. Terry Eagleton pouco terá de kantiano, e não deixa de causar estranheza esta reivindicação que mais faria pensar num publicitário, ou num vendilhão de fórmulas vencedoras. O leitor que não o soubesse já, rapidamente perceberá que o título deste estudo é uma forma de ser conciso e, sobretudo, um dos inúmeros indícios de um espírito aguerrido que parece estruturar uma visão das coisas ao mesmo tempo rigorosa e irónica. Eagleton não argumenta contra a razão de Marx, mas o seu marxismo não o impede de ter as vistas largas, nem lhe proíbe uma leitura rigorosa, sem apologias desmedidas. Se o leitor se esquecer, por instantes, de que tem diante de si o livro de um marxista, poderá, em certos momentos, pensar que está prestes a entrar no momento “refutação de Marx”: “há algo carnavalesco no pensamento de Marx; como há nas ideias de Nietzsche e Freud. A baixeza é sempre uma presença obscura escondida nas coisas mais nobres. (...) Na base das nossas concepções mais nobres está a violência, a carência, o desejo, o apetite, a penúria e a agressividade. Esse é o lado secreto e obscuro do que chamamos civilização.” (p.157) Mas este é apenas um dos sinais de que a via percorrida pelo autor inglês é a da análise, e não a do proselitismo.