O Já Dizia a Minha Avó quer fazer sorrir os idosos — com cartas enviadas por jovens
A pandemia deixou inúmeros idosos isolados e sem companhia. Mas este projecto, criado por seis jovens estudantes, permitiu, através da troca de cartas escritas à mão, que os jovens criassem laços com os seus novos “avós adoptivos”.
Há quem diga que escrever cartas à mão é coisa do século passado, mas as criadoras do projecto Já Dizia a Minha Avó fizeram renascer esta prática. Maria de Almeida, Joana Barata, Catarina Venâncio, Laura Rosa, Madalena dos Santos e Liana Asseiceiro são estudantes de Engenharia Agronómica no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e nos tempos livres dedicam-se a promover a criação de laços entre os mais jovens e os mais velhos.
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Há quem diga que escrever cartas à mão é coisa do século passado, mas as criadoras do projecto Já Dizia a Minha Avó fizeram renascer esta prática. Maria de Almeida, Joana Barata, Catarina Venâncio, Laura Rosa, Madalena dos Santos e Liana Asseiceiro são estudantes de Engenharia Agronómica no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e nos tempos livres dedicam-se a promover a criação de laços entre os mais jovens e os mais velhos.
“O Já Dizia a Minha Avó consiste numa troca contínua de cartas entre idosos e jovens”, conta Maria, de 19 anos, uma das fundadoras, que teve esta ideia quando Joana lhe contou que “participara num projecto em que tinha mandado uma carta a desejar bom Natal a um idoso de uma instituição”. Mas tudo ficara por ali. “Não sei bem porquê, mas esta iniciativa ficou-me na cabeça e achei que ela tinha muito mais potencial. Por isso, decidi desafiar as minhas amigas e hoje todas fazemos parte deste projecto”.
Para participar e enviar cartas enquanto jovem voluntário, basta preencher o questionário do site para ficar automaticamente inscrito. Um idoso que pretenda receber missivas também o pode manifestar através de um formulário. No caso dos lares interessados em fazer parte desta iniciativa é necessário enviar um email para o endereço projeto.jadiziaaminhaavo@gmail.com.
Geralmente, o processo de selecção e de match entre o jovem e o idoso segue a ordem de inscrição, mas nem sempre assim é. “Às vezes, há pedidos especiais: por exemplo, já tivemos um pedido de um senhor que gostava de falar com um rapaz do Algarve, com uma certa idade, porque tem um neto parecido e gostava que o match fosse semelhante. Ou, por exemplo, o lar indica-nos que a senhora idosa é muito vaidosa e nós tentamos que seja uma rapariga que possa corresponder a essa perspectiva”, conta. “Muitas vezes, as senhoras mais velhas gostam de contar as suas aventuras, como conheceram o marido e as partes mais românticas desse processo e, por isso, tentamos que sejam raparigas as suas ‘netas'”.
Cabe às fundadoras estabelecer o “primeiro contacto” e ir “monitorizando a conversa”. “Às vezes, as pessoas esquecem-se que se inscreveram ou já não querem participar e nós tentamos acompanhar, certificarmo-nos que as pessoas recebem a primeira carta, tanto do lado do lar como dos voluntários.”
Desde o Natal, o projecto Já Dizia a Minha Avó já contactou lares e idosos de todo o país. “Numa fase inicial, e isso ainda acontece, éramos nós que contactávamos os lares para que colaborassem connosco. (...) Nas últimas semanas o que tem acontecido é que são os lares que nos contactam e procuram, eles querem participar e isso tem sido espectacular”, conta, com um sorriso, Maria.
Graças à maior divulgação do projecto, hoje têm mais jovens a querer participar do que idosos a quem escrever, o que para as fundadoras é um motivo de orgulho. “Eu nunca pensei que chegássemos até aqui. Achava que teríamos, no máximo, aos 100 contactos. Mas já temos 500 jovens interessados, e isso deixa-me muito surpreendida e orgulhosa”. Até porque se dedicam a este projecto “de coração”. “Todas nós temos imenso orgulho neste projecto. Fazemos isto por puro prazer e é muito gratificante.”