Descida dos internamentos começa a perder velocidade, mostra previsão
Estimativas da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) mostram nova descida, mas trajectória descendente começa a perder velocidade. “O que tememos é que [os números] se comecem a encostar ao cenário mais negativo”, admite presidente da associação.
É previsível que a próxima semana traga uma nova descida do número de internamentos e pacientes em cuidados intensivos, mas a trajectória descendente destes indicadores começa a perder velocidade, efeito possivelmente fruto dos impactos iniciais do arranque do desconfinamento.
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É previsível que a próxima semana traga uma nova descida do número de internamentos e pacientes em cuidados intensivos, mas a trajectória descendente destes indicadores começa a perder velocidade, efeito possivelmente fruto dos impactos iniciais do arranque do desconfinamento.
De acordo com as previsões da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), cujas estimativas têm por base os relatórios da Direcção-Geral da Saúde (DGS), o número de internamentos poderá descer dos actuais 669 para os 588, isto no caso do cenário mais positivo traçado pela APAH. Se se concretizar a previsão mais pessimista, o número de pacientes internados poderá fixar-se perto dos 643, menos 26 do que os registados na quinta-feira (número que figura do relatório desta sexta-feira).
Olhemos agora para a evolução prevista para os pacientes em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Neste indicador, o cenário mais optimista aponta para os 152 doentes nesta situação daqui a uma semana, menos três do que actualmente. Contudo, neste indicador, a APAH estima que possa eventualmente existir um agravamento da situação, colocando nos 160 o valor limite para o cenário mais pessimista.
“Podemos dizer que são os números expectáveis. É uma desaceleração da redução, observada desde a terceira semana do confinamento”, começa por dizer Alexandre Lourenço, presidente da APAH, em declarações ao PÚBLICO. Explica que a modelação matemática utilizada mostra “essencialmente uma análise de tendência”. “O que esperamos é que, porventura, a realidade face ao desconfinamento aproxime os números do cenário mais pessimista do que do optimista”, admite Alexandre Lourenço.
Entre o cenário positivo e o mais pessimista está uma variação do índice de transmissibilidade — conhecido como R(t) — na ordem dos 2%: ou seja, o número de internados e pacientes em cuidados intensivos é calculado tendo em conta a propagação do vírus entre as pessoas. No período de desconfinamento, em que o número de contactos sociais irá inevitavelmente subir, também é previsível que este indicador sofra uma subida, mas Alexandre Lourenço diz que ainda será demasiado precoce traçar um paralelismo com o desconfinamento.
“O que vemos é uma desaceleração na redução dos internamentos. O que tememos é que [os números] se comecem a encostar ao cenário mais negativo, mas ainda é um bocadinho cedo para retirarmos essa conclusão. Nunca alterámos a perspectiva, mantivemos sempre a nossa abordagem, mas sabemos que já há uma alteração dos comportamentos na última semana que terão impacto neste tipo de dados. Porventura, os dados que apresentamos agora correm o risco de ser demasiado optimistas”, alerta o presidente da APAH. Para Alexandre Lourenço, torna-se essencial implementar uma estratégia de testagem eficaz e garantir que existem elementos suficientes para cumprir os rastreios epidemiológicos.
Apesar da descida do número de internamentos, podem ser necessários entre 180 e 195 médicos, 1193 a 1302 enfermeiros e ainda um número entre 508 e 546 assistentes operacionais, de acordo com as previsões da APAH.