Associações portuguesas assinalam o Dia pelo Fim da Pesca, “a indústria mais mortífera”
Criado em 2017 por associações que exigem a “abolição da pesca e da aquacultura”, o Dia Mundial pelo Fim da Pesca assinala-se a 27 de Março. Associações portuguesas juntam-se à campanha “contra o sofrimento infligido a milhares de milhões de animais aquáticos”.
São os golfinhos com barbatanas cortadas por linhas de pesca abandonadas e a caça à baleia no Japão que viram cabeças, mas os activistas querem “chamar a atenção para todos os outros problemas da indústria mais mortífera, a pesca”.
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São os golfinhos com barbatanas cortadas por linhas de pesca abandonadas e a caça à baleia no Japão que viram cabeças, mas os activistas querem “chamar a atenção para todos os outros problemas da indústria mais mortífera, a pesca”.
Com campanhas online e demonstrações sobre a poluição ambiental, destruição de habitats e sensiência dos animais aquáticos, 160 organizações voltam a unir-se para assinalar o Dia Mundial pelo Fim da Pesca, a 27 de Março. “Estes animais aquáticos são constantemente esquecidos, até por nós, activistas, porque são tão diferentes que é muito mais difícil criar empatia”, diz Cristiano Mourato, da Fala - Frente Activa pela Libertação Animal.
Ao longo do dia, as organizações e colectivos associados ao movimento pelo fim da pesca vão preparar demonstrações e, principalmente, acções online. Em Portugal, as secções de Aveiro e Coimbra da Animal Save apelam à partilha de selfies com cartazes que exigem “o fim da pesca e criação de peixes em cativeiro”. Os portugueses são os terceiros maiores consumidores de peixe per capita a nível mundial, segundo a edição de 2020 do relatório da União Europeia sobre o mercado da pesca.
Ciente do consumo cultural de pescado no país, a Fala está a “apostar na sensibilização” e a divulgar estudos que sugerem que os peixes também são capazes de sentir dor. “Algo em que não costumamos pensar”, acredita Cristiano, que aconselha começar por ver o recém-lançado documentário Seaspiracy. “A indústria da pesca é a mais mortífera de todas, ao ponto de não se contabilizar o número de indivíduos que mata, mas sim em termos de massa, toneladas.”
A campanha internacional foi criada em 2017, na Suíça, pela associação PEA - Pour l'Égalité Animale. Em 2021, o foco dos activistas, que apontam a redução ou não consumo do pescado como melhor forma de proteger os rios e oceanos, está nas aquaculturas. “Centenas de milhares de milhões de animais aquáticos vivem vidas curtas em sofrimento, amontoados em jaulas, tanques ou cisternas submersas. Algumas explorações chegam a ter cerca de meio milhão de indivíduos. Como não se assemelham a nós, subestimamos as suas capacidades de sofrer e experimentar prazer, bem como as suas capacidades cognitivas e sociais. É precisamente essa invisibilidade que torna necessário um dia específico dedicado a recusar essa exploração”, justifica a associação.