China bane deputados britânicos depois de sanções por abusos contra a minoria uigur
Medidas de retaliação seguem-se às já anunciadas por Pequim contra eurodeputados e instituições da UE. Londres diz que se o Governo chinês quer refutar as acusações deve permitir acesso da ONU a Xinjiang.
A China impôs sanções contra nove cidadãos britânicos, incluindo cinco deputados, por divulgarem o que descreve como “mentiras e desinformações” sobre o país. A medida é uma retaliação contra as sanções aprovadas pelo Reino Unido em coordenação com a União Europeia, os EUA e o Canadá por causa da repressão aos uigures, que visaram uma empresa e quatro dirigentes políticos chineses – foram as primeiras sanções do bloco europeu contra à China em 30 anos, desde o massacre da Praça de Tiananmen, em 1989.
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A China impôs sanções contra nove cidadãos britânicos, incluindo cinco deputados, por divulgarem o que descreve como “mentiras e desinformações” sobre o país. A medida é uma retaliação contra as sanções aprovadas pelo Reino Unido em coordenação com a União Europeia, os EUA e o Canadá por causa da repressão aos uigures, que visaram uma empresa e quatro dirigentes políticos chineses – foram as primeiras sanções do bloco europeu contra à China em 30 anos, desde o massacre da Praça de Tiananmen, em 1989.
Os dirigentes chineses são acusados de “abusos e violações graves de direitos humanos” contra a minoria muçulmana uigur, na província de Xinjiang. A China construiu nos últimos anos centenas de campos onde a ONU acredita que mais de um milhão de uigures estão detidos e de onde chegam alegações de tortura, trabalho forçado e abusos sexuais. Pequim fala de campos de “reeducação” para combater o terrorismo.
Todos os britânicos alvo destas sanções, um grupo onde se encontram alguns dos principais críticos da China no Reino Unido, ficam impedidos de viajar para a China, Hong Kong e Macau, verão quaisquer propriedades na China congeladas e os chineses e empresas do país ficam proibidos de negociar com eles.
O antigo líder dos conservadores britânicos e actual deputado Iain Duncan Smith, um dos visados, diz que vai usar a retaliação como “uma medalha de honra”: “É o nosso dever denunciar os abusos de direitos humanos do Governo chinês em Hong Kong e o seu genocídio contra o povo uigur”, reagiu. “Os que vivem em liberdade e num estado de Direito têm de falar pelos que não têm voz.”
As entidades visadas pelas sanções incluem o Grupo de Investigação sobre a China, criado por deputados conservadores, e grupo de investigação independente Tribunal Uigur. Para além de deputados e membros da Câmara dos Lordes, há um advogado e uma académica especialista na minoria uigur na lista.
Nusrat Ghani é outra deputada dos tories alvo de sanções. “Isto é um aviso a todos os países democráticos e deputados de que não poderão prosseguir com o seu trabalho sem que a China os sancione apenas por exporem o que está a passar-se em Xinjiang e os abusos contra os uigures”, disse à rádio da BBC. “Não me deixarei intimidar. Isto deixou-me mais determinada”, acrescentou.
Numa curta reacção, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, diz que “se Pequim quer refutar as alegações sobre abusos de direitos humanos em Xinjiang de forma credível, deve permitir ao Alto Comissário dos Direitos Humanos da ONU acesso total para verificar a verdade”.