PS chama Carlos Moedas ao inquérito ao Novo Banco
Socialistas querem ouvir adversário de Medina na corrida à Câmara de Lisboa no inquérito ao Novo Banco. PS argumenta que candidato pelo PSD soube através de Ricardo Salgado da difícil situação do BES antes do aumento de capital prévio à resolução.
O PS vai requerer o depoimento na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco de ex-responsáveis políticos aquando da resolução do BES, em 2014, entre eles Aníbal Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho e Durão Barroso, por terem conhecimento da situação financeira do BES e não terem evitado o aumento de capital que precedeu o fim do banco e lesou clientes. O requerimento dirige-se a responsáveis políticos ligados ao PSD e abrange também Carlos Moedas, que na altura era secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, e a ponte do Governo com a troika, e regressou agora à política activa para correr pelo PSD contra o socialista Fernando Medina à Câmara de Lisboa, nas eleições autárquicas.
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O PS vai requerer o depoimento na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco de ex-responsáveis políticos aquando da resolução do BES, em 2014, entre eles Aníbal Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho e Durão Barroso, por terem conhecimento da situação financeira do BES e não terem evitado o aumento de capital que precedeu o fim do banco e lesou clientes. O requerimento dirige-se a responsáveis políticos ligados ao PSD e abrange também Carlos Moedas, que na altura era secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, e a ponte do Governo com a troika, e regressou agora à política activa para correr pelo PSD contra o socialista Fernando Medina à Câmara de Lisboa, nas eleições autárquicas.
“Vamos requerer o depoimento por escrito de Cavaco Silva, Durão Barroso e Pedro Passos Coelho e o depoimento presencial de Carlos Moedas”, anunciou o vice-presidente da bancada socialista João Paulo Correia em declarações aos jornalistas no Parlamento.
Arma por usar
O coordenador do PS na comissão de inquérito ao Novo Banco justificou este requerimento com declarações feitas esta quarta-feira pelo ex-administrador do Novo Banco José Honório, que revelou que houve uma “decisão política” de não usar no BES a linha de recapitalização da troika disponibilizada para a banca. “A decisão de não recorrer foi política do Governo PSD/CDS”, disse.
Além disso, o deputado acrescentou que o ex-administrador, que entrou no BES com Vítor Bento depois da saída de Ricardo Salgado em Julho de 2014, adiantou elementos relevantes. Honório, que antes tinha acompanhado o líder histórico do BES em contactos ao mais alto nível junto do poder político, contou que, nas reuniões que teve com cada um daqueles responsáveis, “Ricardo Salgado entregou um memorando onde constava que o passivo do Grupo Espírito Santo (GES) ascendia a 7600 milhões de euros”.
"Todos sabiam"
“Todos sabiam da exposição do BES ao GES”, afirmou, acrescentando que, ainda assim, em Junho de 2014, “depois das reuniões decorreu o aumento de capital de 1000 milhões de euros”. “Não fizeram nada para impedir o aumento de capital que gerou lesados”, disse, lembrando também que houve declarações feitas por estes responsáveis que a situação do BES era “sólida”.
O BES foi resolvido a 3 de Agosto de 2014, tendo nascido aí o Novo Banco. Decorre no Parlamento uma comissão de inquérito para avaliar as perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução. No primeiro bloco de audições resulta para já uma conclusão dos depoimentos dos três membros do conselho de administração do Novo Banco. A instituição financeira arrancou descapitalizada. O banco teve uma injecção inicial de 4900 milhões de euros. Foi vendido em 2017 ao Lone Star e desde essa data já usou quase 3000 milhões de euros do Acordo de Capital Contingente onde restam pouco mais que 900 milhões de euros.