Coreia do Norte lança dois mísseis balísticos no mar do Japão
Ensaio de armamento é o primeiro grande teste diplomático a Joe Biden, que ainda está a definir uma política para a Coreia do Norte.
A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos às primeiras horas desta quinta-feira que caíram no mar do Japão, naquele que é visto como o primeiro teste diplomático à Administração do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
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A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos às primeiras horas desta quinta-feira que caíram no mar do Japão, naquele que é visto como o primeiro teste diplomático à Administração do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O ensaio foi condenado pela Coreia do Sul e pelo Japão, mas não foram dados pormenores sobre o tipo de míssil usado. A última vez que o regime norte-coreano tinha lançado mísseis balísticos foi há cerca de um ano.
“Isto ameaça a paz e a segurança do nosso país e da região”, declarou o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga. O conselho de segurança nacional da Coreia do Sul manifestou “profunda preocupação” com o lançamento dos mísseis.
Do lado norte-americano, o Comando Pacífico dos EUA, responsável pelas forças militares na região, destacou a “ameaça que o programa ilícito de armas da Coreia do Norte representa para os seus vizinhos e para a comunidade internacional”.
Dias antes, o regime tinha lançado dois mísseis não balísticos de curto alcance, o que Biden desvalorizou, dizendo ser “mais do mesmo” e não o considerou uma provocação. Desde 2017 que a Coreia do Norte não testa mísseis de longo alcance nem armas nucleares.
Desta vez, porém, o lançamento de mísseis balísticos constitui uma violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É habitual para o regime de Kim Jong-un usar este tipo de teste de armamento para marcar algum tipo de posição diplomática e para suscitar uma resposta por parte os seus interlocutores habituais.
O lançamento desta quinta-feira coincide com o início das cerimónias de passagem da tocha olímpica no Japão, que organiza em Julho os Jogos Olímpicos adiados por causa da pandemia. Estão também a decorrer exercícios militares conjuntos entre os EUA e a Coreia do Sul, vistos em Pyongyang como provocações. Mas, talvez mais significativamente, os testes norte-coreanos surgem uma semana depois de uma ronda diplomática da nova Administração norte-americana junto dos seus aliados asiáticos, e também da cimeira com altos-dirigentes chineses no Alasca.
Biden ainda não apresentou a sua estratégia para lidar com a Coreia do Norte, embora o objectivo último deva manter-se inalterado em relação ao dos últimos anos: a desnuclearização do país. Os dois países ainda não encetaram qualquer contacto a nível oficial desde a tomada de posse do novo Presidente dos EUA.
O seu antecessor, Donald Trump, encontrou-se três vezes com Kim – algo que nunca tinha acontecido –, mas alcançou poucos progressos práticos rumo a esse objectivo. O regime norte-coreano pretende que qualquer passo que seja dado nessa direcção seja acompanhado pelo levantamento das sanções económicas em vigor e pela normalização das relações diplomáticas.
A política de Biden para tentar encontrar uma solução para a Coreia do Norte deverá estar intimamente ligada à estratégia mais geral de Washington face à China, diz ao Guardian o professor da Universidade Ewha de Seul Leif-Eric Beasley.
“As actividades militares da Coreia do Norte, depois de reafirmar os laços com Pequim, levantam questões acerca da forma como a China é cúmplice na fuga às sanções e como pode estar a viabilizar as ameaças do regime de Kim à região. Isto irá intensificar os apelos nos EUA e noutras partes do mundo para que as empresas chinesas envolvidas no comércio ilícito sejam punidas”, afirmou.
Apesar da proibição de desenvolver armas nucleares e das inúmeras sanções aplicadas pelo Conselho de Segurança da ONU ao longo dos anos, o regime de Kim conseguiu alcançar enormes progressos nesta área. Em 2017, a Coreia do Norte disse ter conseguido desenvolver e testar uma bomba de hidrogénio, para além de ter garantido possuir a tecnologia para atingir com armas nucleares o território dos EUA.