A um mês dos Óscares, Nomadland e Soul reforçam favoritismo com prémios dos produtores
O documentário A Sabedoria do Polvo e as séries The Crown e Queen’s Gambit deram prémios à Netflix. John Oliver, Schitt’s Creek e Hamilton entre os distinguidos pela Producers Guild of America.
Os prémios da Guilda dos Produtores norte-americanos (Producers Guild of America, PGA na sigla original) foram entregues na madrugada desta quinta-feira a Nomadland – Sobreviver na América, de Chloé Zhao, e a Soul – Uma Aventura com Alma, reforçando as hipóteses dos dois filmes nas categorias a que concorrem nos Óscares, respectivamente Melhor Filme e Melhor Filme de Animação. Os prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood serão entregues dentro de um mês e, nesta longa temporada cheia de filmes que ou se estrearam em streaming ou que ainda aguardam pelo seu lugar no escuro das salas de cinema, os prémios dos grupos profissionais que os antecedem são os sinais que restam das preferências da indústria.
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Os prémios da Guilda dos Produtores norte-americanos (Producers Guild of America, PGA na sigla original) foram entregues na madrugada desta quinta-feira a Nomadland – Sobreviver na América, de Chloé Zhao, e a Soul – Uma Aventura com Alma, reforçando as hipóteses dos dois filmes nas categorias a que concorrem nos Óscares, respectivamente Melhor Filme e Melhor Filme de Animação. Os prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood serão entregues dentro de um mês e, nesta longa temporada cheia de filmes que ou se estrearam em streaming ou que ainda aguardam pelo seu lugar no escuro das salas de cinema, os prémios dos grupos profissionais que os antecedem são os sinais que restam das preferências da indústria.
E, como titula a revista especializada Variety, o prémio de melhor produção para o filme de Zhao protagonizado por Frances McDormand que dizer que o negócio do Óscar “provavelmente está fechado”. Nomadland, cuja estreia em sala para Portugal está agendada para 22 de Abril, logo após a prevista reabertura dos cinemas no país se os números da covid-19 o permitirem, competia nos prémios desta madrugada com muitos dos seus colegas de nomeação para os Óscares (só O Pai não estava na lista dos produtores), e ainda com Borat, o Filme Seguinte, Ma Rainey: A Mãe do Blues ou Uma Noite em Miami, ignorados pela academia para o mais cobiçado dos seus galardões.
Também Soul - Uma Aventura com Alma sofreu o mesmo efeito impulsionador nesta corrida virtual. O prémio dos produtores “cimentou ainda mais o seu estatuto de favorito” entre os concorrentes na animação. Também aqui os nomeados aos prémios da PGA eram quase ipsis verbis os seus competidores nos Óscares, salvo que os produtores nomearam Os Croods 2: Uma Nova Era e os Óscares preferiram A Ovelha Choné: A Quinta Contra-Ataca.
Sem resultados de bilheteira representativos nem recepção crítica por falta de estreia em sala para ajudar a perceber como muitos filmes estão a ser recebidos, a sucessão de cerimónias de prémios da indústria norte-americana (e os britânicos BAFTA) é este ano particularmente útil para avaliar o caminho feito por alguns dos filmes candidatos ao mais valioso prémio de cinema do mundo. O Óscar de Melhor Filme faz carreiras e enriquece estúdios. Se Nomadland – Sobreviver na América venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza e continua por estrear em sala em Portugal, por exemplo, uma boa parte dos seus concorrentes ao Óscar foi vista em casa através da Netflix (Mank, Os 7 de Chicago), da Amazon (Som do Metal) ou, nos EUA, na HBO Max (Judas and the Black Messiah).
Os prémios dos produtores, não sendo infalíveis – no ano passado, o sindicato norte-americano deu o prémio máximo a 1917, de Sam Mendes, e Parasitas é que ganhou a guerra na recta final de uns Óscares surpreendentes –, são dos melhores instrumentos de previsão dos Óscares pelo facto de terem um bom número de votantes em comum e de terem métodos de selecção (o voto preferencial) similares. E Nomadland já tem na sua bagagem o (meramente promocional) Globo de Ouro de Melhor Drama e o mais sintomático prémio Critic’s Choice. Os argumentistas não o nomearam porque não cumpria as suas regras de elegibilidade (os guiões candidatos têm de ser assinados por membros do sindicato e sob um contrato-tipo da guilda).
A PGA atribuiu ainda prémios à produção de documentário, onde o vencedor foi o também nomeado para o Óscar A Sabedoria do Polvo, outra estreia disponível na Netflix, e os restantes galardões foram para a televisão – ou, melhor dizendo, para o streaming e para alguma televisão clássica. A Netflix recebeu os prémios de melhor produção de uma série dramática com The Crown e de produção de série limitada com Queen’s Gambit; a HBO Max foi premiada por Hamilton, o telefilme feito streaming da famosa peça musical da Broadway, e a HBO arrecadou ainda um prémio com a produção de Last Week Tonight de John Oliver na categoria de Entretenimento ao Vivo ou Talk-Show. A comédia Schitt’s Creek percorreu mais um quilómetro na sua volta final vitoriosa encetada em Setembro nos Emmys com o prémio de produção para a sua temporada final (em Portugal, passa no canal TV Cine Emotion e está no serviço on demand TV Cine+).
Os próximos prémios da temporada são os da Guilda dos Actores (Screen Actors Guild), a 4 de Abril. A 10 de Abril decorrem os prémios dos realizadores (Directors Guild of America) e um dia depois são entregues os BAFTA. Os Independent Spirit Awards, a 22 de Abril, antecedem por três dias os Óscares, marcados para 25 de Abril (madrugada de 26 de Abril em Portugal).