Sidney Powell diz que “nenhuma pessoa sensata” acreditou nas suas acusações de fraude eleitoral
A advogada destacou-se nas acusações infundadas de fraude, dizendo que Donald Trump foi prejudicado por uma campanha venezuelana e cubana. Agora, tenta defender-se de um pedido de indemnização milionário.
A advogada norte-americana Sidney Powell, que ficou conhecida por promover teorias da conspiração para explicar a derrota de Donald Trump na eleição presidencial de 2020, diz agora que “nenhuma pessoa sensata” poderia acreditar nas suas acusações de fraude eleitoral.
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A advogada norte-americana Sidney Powell, que ficou conhecida por promover teorias da conspiração para explicar a derrota de Donald Trump na eleição presidencial de 2020, diz agora que “nenhuma pessoa sensata” poderia acreditar nas suas acusações de fraude eleitoral.
O argumento de Powell surge num documento enviado a um tribunal de Washington D.C., onde a advogada pede ao juiz que não dê seguimento a uma queixa contra ela.
Powell, uma advogada de 65 anos que foi procuradora federal no estado do Texas, é acusada de difamação pelos responsáveis da Dominion Voting Systems, uma empresa que vende máquinas de voto electrónico.
A empresa exige a Powell uma indemnização de 1,3 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros) pelo seu envolvimento numa “campanha de desinformação viral” assente em “acusações comprovadamente falsas”.
A Dominion exige a mesma quantia, e pelos mesmos motivos, a outras duas figuras que promoveram as acusações infundadas de fraude eleitoral: o ex-advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, e o director da empresa My Pillow, Mike Lindell.
Libertar o Kraken
Mas foi Sidney Powell quem gerou mais polémica no período pós-eleitoral nos EUA, ao afirmar, numa conferência de imprensa, que a empresa Dominion transferira milhões de votos em Trump para Joe Biden como parte de uma conspiração comunista que envolvia a Venezuela, Cuba e China.
Na mesma altura, disse que ia “libertar o Kraken” (a lendária criatura gigante que habitaria nas águas profundas do mar da Noruega), sugerindo que tinha em sua posse uma quantidade enorme de provas de fraude eleitoral generalizada.
“Os sistemas de votação da Dominion e de outras empresas foram criados na Venezuela sob as ordens de Hugo Chávez, para ele garantir que nunca mais perderia uma eleição depois de um resultado negativo num referendo constitucional”, disse Sidney Powell, numa conferência de imprensa em que também esteve presente Rudolph Giuliani.
No seguimento dessa conferência de imprensa, Trump afastou-se publicamente de Powell, mas, segundo o New York Times e a CNN, o ex-presidente continuou a exigir à sua equipa que o defendesse com argumentos como os que foram usados pela advogada.
Alegações, e não factos
No pedido de arquivamento enviado a um tribunal de Washington D.C., a advogada argumenta que os desmentidos feitos pela Dominion, após a eleição presidencial, são uma prova de que as suas declarações não podiam ser levadas à letra.
“Os próprios requerentes caracterizaram as declarações em causa como ‘acusações bizarras’ e até ‘impossíveis’”, lê-se no documento. “Essas definições das declarações alegadamente difamatórias reforçam a nossa posição de que nenhuma pessoa sensata as aceitaria como factos, mas sim como alegações a aguardar um teste nos tribunais.”
Mesmo depois de ter saído da órbita da Casa Branca, Sidney Powell apresentou quatro queixas nos tribunais com base em acusações infundadas de fraude eleitoral, tendo perdido nas quatro ocasiões.
Ao todo, foram apresentadas quase 60 queixas nos tribunais contra a legalidade ou constitucionalidade da eleição de Joe Biden, e nenhuma foi favorável a Donald Trump – incluindo duas no Supremo Tribunal, onde têm lugar três juízes nomeados pelo ex-presidente dos EUA.s