Netanyahu volta a falhar maioria nas quartas eleições em dois anos
Mesmo que não consiga formar “um governo são” em Israel, o bloco da oposição pode conseguir aprovar legislação para tentar forçar o primeiro-ministro, acusado de corrupção, a demitir-se.
Com a contagem dos votos a aproximar-se do fim, o Likud, partido do primeiro-ministro israelita, surge como vencedor mas sem maioria. Naquelas que foram as quartas eleições em apenas dois anos, e com perto de 90% dos boletins contados, Benjamin Netanyahu não tem um caminho claro para chegar aos 61 lugares que garantam a maioria à coligação que conseguir formar.
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Com a contagem dos votos a aproximar-se do fim, o Likud, partido do primeiro-ministro israelita, surge como vencedor mas sem maioria. Naquelas que foram as quartas eleições em apenas dois anos, e com perto de 90% dos boletins contados, Benjamin Netanyahu não tem um caminho claro para chegar aos 61 lugares que garantam a maioria à coligação que conseguir formar.
Se incluir o Nova Direita, de Naftali Bennett, o bloco do primeiro-ministro pode reunir 59 lugares. Mas o Nova Direita, um dos partidos de antigos aliados, agora rivais, de Netanyahu, ainda não declarou qual dos blocos apoia. “Farei apenas o que for bom para o Estado de Israel”, disse Bennett, depois de votar, na terça-feira à noite, já depois de ter dito a Netanyahu que o Nova Direita vai esperar pelos resultados finais para decidir os próximos passos. Na prática, o antigo aliado-rival pode estar prestes a ser de novo aliado.
Ao mesmo tempo, o bloco anti-Netanyahu, que junta formações de esquerda, direita e centro, também não alcança a maioria. Mas dependendo dos resultados e da coligação formada, os opositores podem ter força suficiente para fazerem aprovar legislação no Knesset e ameaçar a sobrevivência de Netanyahu, obrigando-o a demitir-se face ao processo judicial por corrupção e tráfico de influência que enfrenta.
Quem insistiu que não se sentia obrigado a declarar aliança a nenhum dos blocos é Mansour Abbas, líder do Ra’am, um partido árabe que saiu da Lista Unida (que juntava todos os partidos árabes israelitas), e que admitiu durante a campanha vir a negociar com Netanyahu. Agora que já se sabe que passou o limiar mínimo para entrar no Parlamento, é o Likud que admite integrar o partido numa possível coligação.
“As nossas preferências são conhecidas. Queremos um governo formado por pelo menos 61 membros do Knesset que apoiem as ideias centrais do campo nacionalista”, disse numa entrevista ao Channel 12 Tzachi Hanegbi, ministro do Governo ainda em funções. Se isso não acontecer, abre-se o caminho para “possibilidades que não são desejadas mas que são melhores do que umas quintas eleições, uma delas é Mansour Abbas fazer o que disse durante toda a sua campanha, que apoiaria qualquer coligação que formulasse um plano para lidar com os assuntos no seu sector”.
Ou seja, um programa de governo que permita a Abbas conseguir benefícios para os árabes israelitas, habituados a sentirem que são “cidadãos de segunda”, discriminados na distribuição de investimento e oportunidades. Para o conseguir, o líder do Ra’am não excluia apoiar leis que ajudem Netanyahu a fugir ao processo legal.
O novo rival de Netanyahu, e líder do bloco da oposição, é Yair Lapid, que tinha substituído o antigo chefe do Exército Benny Gantz no segundo lugar das intenções de voto (depois de abandonar a aliança que os unia): o líder do partido centrista Yesh Atid pode chegar aos 17 lugares e diz-se “orgulhoso” dos “grandes” sucessos da formação.
“Já comecei conversas com alguns líderes do bloco pela mudança e continuarei nos próximos dias”, afirmou Lapid, sublinhando que fará “tudo o que for possível para estabelecer um governo são no Estado de Israel”.