Jihadistas atacam vila de Palma depois de Total ter anunciado regresso ao trabalho
Ataque coordenado por vários grupos ao princípio da tarde desta quarta-feira. Estrada de Palma para Afungi, onde estão as instalações das petrolíferas cortada.
A vila de Palma foi atacada esta quarta-feira pelos insurgentes armados que têm a província a ferro e fogo desde 2017. Um ataque coordenado por vários grupos jihadistas atingiu os subúrbios e uma aldeia nas imediações, tendo ficado cortada a estrada para Afungi, onde estão as instalações das empresas que exploram o gás natural na bacia do Rovuma.
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A vila de Palma foi atacada esta quarta-feira pelos insurgentes armados que têm a província a ferro e fogo desde 2017. Um ataque coordenado por vários grupos jihadistas atingiu os subúrbios e uma aldeia nas imediações, tendo ficado cortada a estrada para Afungi, onde estão as instalações das empresas que exploram o gás natural na bacia do Rovuma.
De acordo com o Mozambique News Reports & Clipping, o ataque de grande envergadura aconteceu poucas horas depois de a empresa petrolífera francesa Total, que lidera na região o maior investimento privado do continente africano, ter anunciado o retomar “gradual” dos trabalhos, que tinham sido suspensos devido à violência.
Palma fica apenas a seis quilómetros do aeródromo que serve de principal porta de entrada para Afungi.
Segundo as informações iniciais de Palma, os insurgentes começaram por atacar a esquadra da polícia, antes de avançarem para o parque industrial, onde terão assaltado as instalações bancárias do BIM e do Standard Bank.
Há relatos também de confrontos perto do Hotel Amarula, na parte Norte da vila.
Muita gente fugiu da vila, escondendo-se no mato ou metendo-se num barco em direcção a Pemba.
A rede de telemóveis deixou de funcionar por volta das 16h30 (14h30 em Portugal continental), o que diminuiu a possibilidade de saber mais informação sobre o que está a acontecer em Palma.
Quando em Janeiro decidiu retirar os seus trabalhadores e suspender a actividade, a Total estava a responder a um ataque no final de Dezembro dos jihadistas, que no ano passado juraram fidelidade ao Daesh e, entretanto, a petrolífera francesa tinha chegado a acordo com o Governo moçambicano para reforçar a segurança na região com militares.
Aliás, a isso mesmo se referia a empresa no seu comunicado da manhã desta quarta-feira: “O projecto irá progressivamente reatar as actividades de construção no estaleiro de Afungi, depois da implementação de medidas adicionais de segurança no local. A Total e o Governo de Moçambique trabalharam em conjunto para definir e implementar um plano de acção com o objective de reforçar, de forma sustentável, a segurança do estaleiro de Afungi, dos arredores e das aldeias vizinhas”.
O Governo moçambicano classificou uma área de 25 quilómetros de perímetro em torno de Afungi como “área de segurança especial”, com reforço da segurança das infra-estruturas e o reforço das forças de segurança pública. Uma área que inclui a vila de Palma.