Alemanha recua no confinamento da Páscoa
“O erro foi meu”, declarou a chanceler, Angela Merkel. Oposição pede voto de confiança ao Governo.
A Alemanha não vai ter, afinal, um confinamento rigoroso durante o período da Páscoa, disse a chanceler, Angela Merkel, após uma reunião com os representantes dos estados federados. Merkel assumiu o erro: “Foi meu e apenas meu”, disse, pedindo ainda desculpa à população por ele.
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A Alemanha não vai ter, afinal, um confinamento rigoroso durante o período da Páscoa, disse a chanceler, Angela Merkel, após uma reunião com os representantes dos estados federados. Merkel assumiu o erro: “Foi meu e apenas meu”, disse, pedindo ainda desculpa à população por ele.
As medidas, justificadas pela grande presença no país da variante identificada no Reino Unido que é mais infecciosa, foram anunciadas na terça-feira, e recebidas com muitas críticas. Algumas igrejas, em particular, recusaram a sugestão do Governo de realizar de novo os serviços religiosos de modo virtual durante a Páscoa.
Especialistas reagiram também notando que o confinamento “curto-circuito” de cinco dias, com dois feriados extras em que se deveria parar a maior parte da vida pública no país, não era suficiente para ter um efeito significativo na subida de casos da terceira vaga que a Alemanha enfrenta actualmente.
As medidas tinham sido decididas após uma reunião de 12 horas entre Merkel e os ministros-presidentes dos estados federados. O problema, disse a chanceler, foi que não houve tempo suficiente para concretizar o plano num espaço de tempo tão curto. O erro e a sua correcção "levaram a incerteza”, admitiu. “Por isso, peço desculpa a todas as cidadãs e cidadãos.”
Na manhã desta quarta-feira, vários media alemães tinham relatado uma nova reunião em que Merkel terá comunicado que já não seria possível ter os dois dias feriados a mais. Aparentemente, diz o diário Tagesspiegel, declarar a quinta-feira um dia de descanso, equivalente a domingos e feriados, quando a maioria das lojas fecha na Alemanha, esbarrou em questões legais que não tinham sido previstas. A televisão pública ARD disse, pelo seu lado, que houve empresas que levantaram também questões logísticas sobre entregas que estavam previstas para esses dias.
O país registou esta quarta-feira 15.813 novos casos de infecção pelo coronavírus e 248 mortes de covid-19. A incidência a sete dias excede os 100 casos por 100 mil habitantes há três dias seguidos.
Da oposição vieram pedidos para uma moção de confiança no Parlamento. Christian Lindner, líder do Partido Liberal Democrata (FDP), declarou no Twitter que “a chanceler já não pode ter a certeza do apoio unânime da sua coligação” e por isso seria aconselhável um voto de confiança no Parlamento.
Dietmar Bartsch, co-líder do partido A Esquerda, pediu também uma votação dizendo aos jornais do grupo de media Funke que “existe uma verdadeira crise de confiança na liderança política do país”.
O vice-chanceler, Olaf Scholz, do SPD, defendeu a decisão da chanceler. Mas acrescentou que é preciso “preparar melhor estas decisões no futuro”.
A gestão da pandemia começa a afectar o partido de Merkel. Uma nova sondagem do instituto Forsa, publicada esta quarta-feira, mostra uma grande queda da União Democrata-Cristã (CDU) nas sondagens – é o partido mais votado com apenas 26%. Os Verdes surgem com 22%, seguidos do SPD (Partido Social Democrata) com 16%. Os liberais estão com 10%, assim como os nacionalistas da AfD, e a esquerda radical Die Linke tem 8%. A Alemanha tem eleições legislativas em Setembro.