Alvo de sanções da UE e dos EUA, China e Rússia querem cimeira do Conselho de Segurança

Numa demonstração de unidade, Pequim e Moscovo acusam países ocidentais de interferirem nos seus assuntos internos depois do anúncio de sanções por graves violações de direitos humanos.

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O ministro chinês, recebido por Lavrov, chegou na segunda-feira a Moscovo para uma visita de dois dias EPA

A Rússia e a China defenderam nesta terça-feira a realização de uma cimeira dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas para debater a “turbulência política crescente” no mundo. Moscovo diz que os dois aliados acreditam que os Estados Unidos estão a agir de forma “destrutiva”. Para além dos dois países, o principal órgão executivo da ONU integra os EUA, a França e o Reino Unido.

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A Rússia e a China defenderam nesta terça-feira a realização de uma cimeira dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas para debater a “turbulência política crescente” no mundo. Moscovo diz que os dois aliados acreditam que os Estados Unidos estão a agir de forma “destrutiva”. Para além dos dois países, o principal órgão executivo da ONU integra os EUA, a França e o Reino Unido.

A declaração conjunta chega um dia depois da aprovação por parte da União Europeia do seu primeiro pacote de sanções no novo regime global para punir abusos e graves violações dos direitos humanos: entre os visados estão quatro dirigentes políticos da província de Xinjiang, envolvidos na repressão contra a minoria uigur. Poucos minutos depois da adopção da lista em Bruxelas, EUA, Reino Unido e Canadá anunciaram as suas próprias sanções, semelhantes às europeias.

“Numa época de turbulências políticas mundiais crescentes, uma cimeira dos membros permanentes do Conselho de Segurança é particularmente necessária para estabelecer um diálogo directo sobre os meios de resolver os problemas comuns da humanidade, no interesse da estabilidade mundial”, lê-se no comunicado divulgado depois de um encontro entre o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e o seu homólogo chinês, Wang Yi.

“Os países devem unir-se em oposição a todas as formas de sanções unilaterais”, afirmou o ministro chinês aos jornalistas. Lavrov já tinha dito que as sanções impostas pela UE e pelos EUA contra a Rússia por causa do envenenamento do opositor Alexei Navalny teriam efeito graves nas relações bilaterais – em resposta a perguntas dos media nesta terça-feira, o responsável russo disse que Moscovo já não tem relações com o bloco europeu, depois de Bruxelas as ter “destruído”, mas está disponível para a regressar ao trabalho conjunto “se e quando o bloco estiver pronto a remover esta anomalia nas relações”.

A declaração conjunta não refere os EUA, mas Lavrov afirmou que nem Moscovo nem Pequim estão satisfeitos com o comportamento americano: “Notamos a natureza destrutiva das intenções dos EUA, apoiando-se em alianças militares e políticas da Guerra Fria e criando novas alianças próximas no mesmo espírito, para minar a arquitectura legal internacional centrada na ONU”, acusou.

A par das sanções coordenadas por causa dos uigures e das punições europeias e americanas que visam a Rússia por causa de Navalny, Moscovo prepara-se para uma nova ronda de sanções dos EUA contra o que a Casa Branca descreve como interferência nas presidenciais de 2020.

Nos EUA, o secretário de Estado, Antony Blinken, falou da resposta unida à repressão na região de Xinjiang como enviando “um forte sinal aos que violam ou abusam dos direitos humanos internacionais”, e avisou que se seguirão “novas acções em coordenação com aliados que partilhem a mesma visão”.

Em retaliação, Pequim impôs sanções a dez indivíduos europeus (membros do Comité Político de Segurança do Conselho da UE e eurodeputados) e a quatro instituições que diz terem prejudicado os interesses da China e “espalhado maliciosamente mentiras e desinformação”.