Cidadãos Por Lisboa quer ganhar peso e luta por convergência de esquerda

Movimento fundado por Helena Roseta passou a ser uma associação e vai em breve eleger os primeiros órgãos sociais.

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Paula Marques, aqui com Fernando Medina, é actualmente o rosto mais visível do movimento rita rodrigues

Catorze anos depois de Helena Roseta se ter reunido com alguns correligionários numa churrascaria das Portas de Santo Antão para se lançar na corrida à Câmara de Lisboa, o movimento Cidadãos Por Lisboa (CPL) formalizou-se e passou a ser uma associação política. “Era uma vontade almejada por muitos de nós há algum tempo”, diz Paula Marques, o rosto mais visível do grupo cívico.

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Catorze anos depois de Helena Roseta se ter reunido com alguns correligionários numa churrascaria das Portas de Santo Antão para se lançar na corrida à Câmara de Lisboa, o movimento Cidadãos Por Lisboa (CPL) formalizou-se e passou a ser uma associação política. “Era uma vontade almejada por muitos de nós há algum tempo”, diz Paula Marques, o rosto mais visível do grupo cívico.

A actual vereadora da Habitação, que sucedeu no cargo a Roseta quando a arquitecta foi presidir à assembleia municipal, diz que este passo “reforça a legitimidade de intervenção” e contribui para “uma conferência plural de esquerda, que tenha partidos políticos, movimentos sociais e participação da cidadania activa”.

A meio ano das eleições autárquicas, e com os principais partidos já lançados na corrida, os CPL procuram ganhar balanço para os tempos que se avizinham. No executivo de Medina, o movimento até tem dois pelouros de grande relevo – as Finanças e a Habitação – mas a aliança dos socialistas com o BE ofuscou o seu peso político. Aliás, entre os Cidadãos há quem não se canse de repetir que a coligação é uma dança a três e não apenas a dois.

Paula Marques não quer ainda falar de autárquicas. “O que serve a cidade é termos a consciência de que estamos numa nova realidade. Estamos numa crise profunda, a pandemia vai tocar sinos a muitos. Há que recentrar prioridades, aumentar os mecanismos de solidariedade e mudar o jogo da cidade.”

Para Abril e Maio estão agendadas reuniões públicas para discutir o programa político dos CPL e a primeira sessão é sobre alternativas económicas ao turismo, um tema que se tornou subitamente urgente.

Há já algumas linhas traçadas. “Nos direitos sociais temos de ir mais além”, afirma a vereadora, no que parece ser uma crítica directa ao BE, que teve esse pelouro nos últimos quatro anos. “Mas também na habitação”, que é da sua responsabilidade. Paula Marques ambiciona, por exemplo, que dois terços da oferta habitacional em Lisboa estejam no sector público ou no sector privado não lucrativo.

Por outro lado, acrescenta, “há coisas que não são trabalho autárquico mas que têm impacto estrutural na cidade e precisam de ser discutidas”, dando como exemplo o debate em torno do novo aeroporto.

Até agora, os Cidadãos Por Lisboa eram um movimento orgânico sem liderança oficial, o que não impediu um certo sentimento de orfandade quando Helena Roseta deixou os cargos na autarquia, em Outubro de 2019. Com a passagem a associação política, haverá eleições para os novos órgãos sociais e quem se quiser juntar terá de se fazer sócio.

Os CPL concorreram pela primeira vez às autárquicas em 2007, nas eleições intercalares, e daí em diante entraram sempre em coligação pré-eleitoral com o PS. Além de dois vereadores, o movimento tem ainda sete deputados na assembleia municipal.