Investigadores do Porto desenvolvem robôs para pulverizar vinhas de montanha
Os protótipos dos robôs autónomos vão ser testados em 2023, na região do Douro.
Um projecto europeu que visa desenvolver robôs autónomos para pulverizar vinhas de montanha “sem desperdício de químicos” é coordenado por investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto.
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Um projecto europeu que visa desenvolver robôs autónomos para pulverizar vinhas de montanha “sem desperdício de químicos” é coordenado por investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto.
Em comunicado, o instituto explica que o projecto, intitulado SCORPION - Cost effective robots for smart precision spraying, vai desenvolver robôs autónomos para pulverizar vinhas “com vantagens ambientais e económicas”. É financiado em 2,5 milhões de euros pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020, da Comissão Europeia.
Filipe Neves dos Santos, coordenador do projecto, afirma citado no comunicado que as actuais soluções de pulverização de vinhas baseiam-se “em pulverizadores acoplados a tractores, controlados maioritariamente pelo tratorista”, solução que considera ter “algumas limitações”, em particular, ao nível da precisão.
“Neste projecto juntamos esforços para desenvolver um robô autónomo, que circula sozinho mesmo em vinhas com acentuados declives, e calcula a quantidade de fitofármacos a aplicar, através de sensores que medem a densidade da plantação”, refere, acrescentando que o robô usa também a radiação ultravioleta para “reduzir o uso de químicos nos tratamentos”.
Nesse sentido, os investigadores vão equipar os pulverizadores existentes com actuadores eléctricos, LEDS ultravioleta e um “sistema de percepção visual avançado” (sensores).
Já a tecnologia robótica vai ser “flexível e adaptável” e incluir soluções avançadas de navegação, localização e segurança, permitindo ao robô “actuar autonomamente, fazendo face à inclinação dos terrenos” e obstáculos próprios de montanha.
Estas tecnologias vão permitir reduzir o uso de fitofármacos e aumentar “os níveis de mecanização e automação em vinhas de montanha e culturas arbóreas”, acarretando benefícios ambientais (menos poluição química) e económicos, sublinha o INESC TEC, que é acompanhado neste projecto pelo Instituto Pedro Nunes, a Sociedade Portuguesa de Inovação Consultadoria Empresarial e Fomento da Inovação, além de instituições de Espanha, Itália e Países Baixos.
Os protótipos dos robôs autónomos vão ser testados em 2023, na região do Douro, onde existe “a maior área de vinha de montanha do mundo”. Espanha e Itália também vão acolher testes-piloto destas soluções.