Incêndio destrói milhares de tendas num campo de refugiados no Bangladesh
Ainda não se sabe o número exacto de vítimas e feridos, mas calcula-se que seja elevado. Equipas de bombeiros e resgate estão a tentar controlar o fogo que já deixou milhares de refugiados desalojados.
Um incêndio ainda activo num campo de refugiados rohingya no sul do Bangladesh, nesta segunda-feira, já destruiu milhares de tendas, segundo testemunhas e fontes oficiais, deixando sem tecto milhares de refugiados que agora estão a ser recolocados.
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Um incêndio ainda activo num campo de refugiados rohingya no sul do Bangladesh, nesta segunda-feira, já destruiu milhares de tendas, segundo testemunhas e fontes oficiais, deixando sem tecto milhares de refugiados que agora estão a ser recolocados.
Equipas de bombeiros, de resgate e centenas de outros voluntários de organizações humanitárias de campos adjacentes estão a tentar manter o fogo sob controlo no campo de Balukhali, em Cox’s Bazar, que destroçou “tendas, centros de saúde e pontos de distribuição”, avançou a porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Louise Donovan, citada pela Al-Jazeera.
O fogo começou a meio da tarde (10h30 em Lisboa), segundo os relatos, e alastrou-se rapidamente por, pelo menos, quatro blocos do campo. Os motivos ainda não foram confirmados, mas algumas testemunhas acreditam ter sido causado pela explosão de um cilindro de gás de petróleo liquefeito.
Nem as autoridades nem o ACNUR revelaram ainda o número exacto de vítimas e feridos, mas testemunhas confirmaram ter visto vários corpos nas ruas e receia-se um grande número com base nos muitos que ainda continuam desaparecidos.
“Milhares de tendas ficaram completamente queimadas”, referiu à Reuters Mohammed Nowkhim, um líder rohingya.
Não é novidade haver incêndios em campos sobrelotados de refugiados, onde o risco é extremamente grande – ainda em Janeiro deste ano ocorreu um num outro campo em Cox’s Bazar que deixou milhares sem casa –, mas os duros efeitos resultantes deste incêndio tornam-no no maior que já afectou o campo, de acordo com o director da Save The Children no Bangladesh, Onno Van Manen.
Inicialmente, os refugiados tentaram combatê-lo sem auxílio externo, mas rapidamente se depararam com um escalar da violência do fogo. "Recebemos o relatório de incêndio e respondemos ao incidente”, disse à agência de notícias Anadolu Mohammad Shamsud Douza, comissário da Refugee, Relief and Repatriation Commission. “Estamos a tentar controlar o fogo.”
O controlo do fogo no campo encerra duras dificuldades, uma vez que os veículos de combate dos bombeiros têm um acesso limitado às tendas e não há um sistema de água capaz no campo.
A estas dificuldades acrescem os cuidados médicos reduzidos, agora ainda mais limitados com a sobrecarga imposta pela covid-19, como aponta à Reuters Snigdha Chakraborty, directora dos Catholic Relief Services no Bangladesh.
“As instalações médicas são básicas e as queimaduras requerem um tratamento sofisticado, além de que as camas hospitalares já estão parcialmente ocupadas com doentes de covid-19”, afirmou Chakraborty. As vítimas mortais provavelmente serão muitas, tendo em conta que “o incêndio é tão grande”, acrescentou.
Mais de um milhão de refugiados rohingya, uma minoria muçulmana, estão espalhados por vários campos no sul do Bangladesh, dos quais a grande maioria fugiu da Birmânia na sequência de uma operação militar em 2017 que as Nações Unidas classificou como “genocídio”.