Portugueses lançaram projectos de moda africana no Reino Unido

Maria Moreira aproveitou o primeiro confinamento para criar um negócio de venda de roupa feita com panos com padrões africanos. Já Filipe Anjos fundou a Afric Us, que além de vender roupa, é um projecto de cariz social.

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As origens africanas levaram dois portugueses radicados em Londres a criar projectos de moda INSTAGRAM/Mya Moreira Fashion Designs

Para muitos o confinamento imposto pela pandemia de covid-19 foi também uma oportunidade de investir em sonhos, até então postos de lado pela vida profissional e agitação do quotidiano. Foi o que aconteceu com Maria Moreira, que aproveitou o primeiro confinamento, no ano passado, para criar um negócio de venda de roupa pela internet. Não foi a única — as origens africanas levaram dois portugueses radicados em Londres a criar projectos de moda étnica. 

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Para muitos o confinamento imposto pela pandemia de covid-19 foi também uma oportunidade de investir em sonhos, até então postos de lado pela vida profissional e agitação do quotidiano. Foi o que aconteceu com Maria Moreira, que aproveitou o primeiro confinamento, no ano passado, para criar um negócio de venda de roupa pela internet. Não foi a única — as origens africanas levaram dois portugueses radicados em Londres a criar projectos de moda étnica. 

“Fui despedida e decidi aproveitar a oportunidade. Antes trabalhava a tempo inteiro e era difícil conjugar com a família. Já tinha alguns materiais, como réguas de modelagem, por isso foi só comprar os materiais e as máquinas”, conta. 

Abriu uma loja na plataforma Etsy chamada Mya Moreira Fashion e a primeira colecção, composta por casacos, saias, conjuntos, turbantes e outros acessórios feitos de panos com padrões africanos, esgotou. “O que eu faço é associar o tradicional para o uso do dia-a-dia. O início correu muito bem, mas agora estagnou. Estou à espera que os fornecedores voltem a ter mais estampados africanos”, explica. 

Apesar de ter nascido e crescido em Lisboa, desenvolveu um interesse pelas cores fortes e padrões africanos por influência da cultura dos pais cabo-verdianos, mas foi desencorajada de usar estes panos tradicionais quando estudou Design Têxtil e Moda na Modatex. 

Há cinco anos mudou-se para Londres, onde, perante a dificuldade em encontrar trabalho na indústria da moda, acabou por aceitar um emprego administrativo nos correios britânicos enquanto completou uma licenciatura em Gestão de Empresas. 

Agora, estes conhecimentos estão a ser úteis, porque além de desenhar e costurar roupas, também oferece consultoria de desenho de roupa, aulas de costura pela Internet, aproveitamento e reciclagem de tecidos, desenvolvimento de negócios e outro tipo de serviços. “Decidi aplicar tudo o que sei. Dou apoio a pessoas que querem começar e desenvolver um negócio na moda, sou uma mentora”, vinca a portuguesa de 31 anos, satisfeita por estar na área que sempre quis seguir, confessando: “Estou a recuperar o tempo perdido”. 

Para Filipe Anjos, a Afric Us é mais do que uma marca de roupa africana, é um projecto de cariz social para promover o envio de material electrónico e promover o ensino de educação tecnológica em São Tomé e Príncipe, de onde os pais saíram para viver em Portugal. “Não é um negócio”, garante o empreendedor de 27 anos, que nasceu em Lisboa, mas viveu em Espanha e fez carreira como futebolista e modelo, e tem desenvolvido interesses em dança e cinematografia. 

As primeiras T-shirts, sweatshirts, gorros e chapéus têm apenas a palavra África escrita e um punho levantado, logótipo da marca, mas Filipe Anjos está já em contactos com designers, artistas plásticos, ilustradores para futuras colaborações na criação de roupa original. 

Entretanto, a primeira entrega de material electrónico a São Tomé e Príncipe foi atrasada por causa da pandemia covid-19, mas deverá acontecer ainda este semestre.