No dia contra discriminação racial, Presidente evoca “condição comum”
“As feridas que nos separam são também as feridas que nos unem”, escreve Marcelo Rebelo de Sousa, apelando a que a animosidade e o preconceito dêem lugar “à boa vizinhança e à compreensão mútua”.
O Presidente da República assinala neste domingo, pela primeira vez, o Dia Internacional contra a Discriminação Racial, publicando uma mensagem no site da Presidência em que invoca a “condição comum” a todos os seres humanos.
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O Presidente da República assinala neste domingo, pela primeira vez, o Dia Internacional contra a Discriminação Racial, publicando uma mensagem no site da Presidência em que invoca a “condição comum” a todos os seres humanos.
No final da semana em que se assinalaram os 60 anos do início da guerra colonial e ao fim de um ano em que, por várias vezes, teve de se pronunciar sobre manifestações racistas em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de se associar formalmente ao combate à discriminação racial.
“As feridas que nos separam são também as feridas que nos unem”, escreve, sublinhando a convicção: “Aquilo que nos une supera aquilo que nos separa”.
Nesse sentido, deixa um apelo em forma de “desígnio”: “Nas nossas vidas particulares, importa que a animosidade e o preconceito dêem lugar à serenidade, à amizade, à boa vizinhança e à compreensão mútua”.
Sobretudo neste “tempo desafiante, marcado pela covid-19 e pelo acentuar das desigualdades na sociedade portuguesa” em que “importa, mais do que nunca, não abrir mão do diálogo e de uma convivência pacífica e amigável”.
“Mais do que nunca, imporá termos em vista um Portugal menos desigual, mais diverso e inclusivo, onde todos possamos aspirar a um futuro mais próspero, escreve o Chefe de Estado, exaltando “o lugar de Portugal como país de acolhimento aberto, universal e ecuménico”.
Ao longo do primeiro mandato, Marcelo Rebelo de Sousa foi diluindo a questão racial nas desigualdades existentes em Portugal, mas a escalada de manifestações de carácter racista ocorridas no ano passado — como a vigília com tochas à porta do SOS Racismo, as ameaças enviadas por carta a personalidades e deputados anti-racistas, os insultos a Marega — levaram-no a intervir algumas vezes.
E tanto se pronunciou sobre as “campanhas e escaladas” de acções da extrema-direita que têm sido usadas noutros países para “atacar a democracia”, como criticou como “verdadeiramente imbecil” a vandalização da estátua do padre António Vieira.