CDS: Mesquita Nunes contra “saneamento” de nomes em Lisboa
Direcção de Francisco Rodrigues dos Santos defende-se: “Renovar não é sanear”
O antigo vice-presidente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, mostrou-se contra o “saneamento” de nomes do partido em Lisboa no quadro da coligação autárquica com o PSD e rejeitou ser “oposição” à actual liderança no momento em que está envolvido na participação de uma candidatura autárquica na Covilhã. Ao que o PÚBLICO apurou, a posição foi assumida, neste sábado à tarde, na reunião do conselho nacional do partido e teve, depois, resposta por parte de um vice-presidente e de apoiantes de Francisco Rodrigues dos Santos.
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O antigo vice-presidente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, mostrou-se contra o “saneamento” de nomes do partido em Lisboa no quadro da coligação autárquica com o PSD e rejeitou ser “oposição” à actual liderança no momento em que está envolvido na participação de uma candidatura autárquica na Covilhã. Ao que o PÚBLICO apurou, a posição foi assumida, neste sábado à tarde, na reunião do conselho nacional do partido e teve, depois, resposta por parte de um vice-presidente e de apoiantes de Francisco Rodrigues dos Santos.
Em causa está a polémica em torno de João Gonçalves Pereira, que decidiu renunciar ao seu mandato no Parlamento para se dedicar ao combate autárquico mas que não tem garantida a indicação do seu nome por parte da direcção do CDS para vereador nas listas com o PSD. O tom das intervenções tem sido assertivo embora sem a agressividade verificada nos últimos conselhos nacionais do partido.
Na reunião, Adolfo Mesquita Nunes defendeu que o regulamento autárquico em apreciação não permite o “veto” de João Gonçalves Pereira nem de Diogo Moura, líder da concelhia de Lisboa e assumiu que, se isso acontecer “por vendetta interna”, será uma “linha vermelha” para si, transformando o CDS num “partido de fanatismos”.
O ex-vice do CDS, que em Janeiro passado desafiou a liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, disse estar apostado em “construir” e não “destruir”, assumindo que “não há oposição, há colaboração”. Mesquita Nunes lembrou que depois da aprovação da moção de confiança à direcção não procurou a mobilização para a recolha de assinaturas para um congresso extraordinário e sim a mobilização para as autárquicas.
A resposta a esta posição viria da parte do vice-presidente, Miguel Barbosa, que rejeitou “notícias” e as “pressões” no sentido de influenciar decisões da direcção nacional, defendendo que a “actividade política não se pode transformar numa profissão” e que “renovar não é sanear”. O dirigente afirmou que a direcção “não é um bar de praia” e é quem que escolhe os critérios para apontar os nomes em articulação com os órgãos próprios.
Outro elemento que saiu em defesa da direcção foi o porta-voz da Tendência Esperança em Movimento, Mário Cunha Reis, que criticou Adolfo Mesquita Nunes por “impor metas autárquicas” em declarações ao Expresso e assim “alimentar uma campanha de desestabilização”. Este conselheiro nacional considerou “infelizes” e “hipócritas” as afirmações do ex-vice-presidente do partido ao sublinhar a “existência de uma oposição interna, que aqui no conselho nacional diz não existir”.
O próprio João Gonçalves Pereira, um dos críticos da liderança do CDS, referiu-se a notícias que dão conta da rejeição do seu nome para a coligação liderada por Carlos Moedas, dizendo que “saneamentos são próprios de partidos comunistas”. Diogo Moura, por seu turno, defendeu a importância de a estrutura de Lisboa ser ouvida nas conversações com o PSD para as autárquicas em Lisboa.
Outra das vozes que saiu em defesa de João Gonçalves Pereira foi a do líder parlamentar. Telmo Correia considerou que não faz sentido a discussão do “teórico afastamento” do vereador (desde 2013) quando ele foi o “principal obreiro” do “sucesso” do resultado de Lisboa em 2017, à excepção da “própria candidata" Assunção Cristas.
Por outro lado, João Almeida, que foi candidato à liderança no último congresso, sublinhou que não cabe à direcção escolher candidatos autárquicos e que “nunca houve quotas nacionais em eleições autárquicas”.
Filipe Anacoreta Correia, que é presidente do conselho nacional e que faz parte da equipa de conversações com o PSD em Lisboa, desvalorizou a questão em discussão e adiantou que a preocupação “não tem sido a dos nomes”. O dirigente referiu que as “conversações estavam a correr bem” mas que “a tentativa de dramatização e de fragilização do partido não favorece” a participação do CDS.
A reunião do conselho nacional arrancou com um primeiro ponto na agenda: a discussão e votação das moções sectoriais do congresso de há um ano. Das 12 moções, só duas foram chumbadas, uma delas defendia a união de facto e as adopções por casais homossexuais.
Já na fase final da reunião, os regulamentos autárquicos e financeiros foram aprovados por uma larga maioria. No caso do autárquico, o texto obteve 194 votos a favor, 1 voto contra e oito abstenções. Em relação ao regulamento financeiro, 169 conselheiros nacionais votaram favoravelmente, seis votaram contra e 28 abstiveram-se.