Lisboa: o espaço do Núcleo A70, popular Anjos70, deixará de existir como o conhecemos
O edifício no Regueirão dos Anjos, em Lisboa, foi vendido e a associação cultural e recreativa terá de abandonar o espaço até Fevereiro de 2022. “Hoje somos nós a precisar da vossa ajuda. Lisboa resiste.”
O número 70 do Regueirão dos Anjos, em Lisboa, deixará de ser a casa do Núcleo A70, do Art & Fleamarket, antiga Feira das Almas, no primeiro fim-de-semana de cada mês, das jams nas noites de quarta-feira. A intenção de venda do edifício, que, em 2025, terá um século, estava há vários anos anunciada pela senhoria, e concretizou-se em 2021. A associação tem até Fevereiro de 2022, mês em que termina o contrato, para encontrar um novo espaço.
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O número 70 do Regueirão dos Anjos, em Lisboa, deixará de ser a casa do Núcleo A70, do Art & Fleamarket, antiga Feira das Almas, no primeiro fim-de-semana de cada mês, das jams nas noites de quarta-feira. A intenção de venda do edifício, que, em 2025, terá um século, estava há vários anos anunciada pela senhoria, e concretizou-se em 2021. A associação tem até Fevereiro de 2022, mês em que termina o contrato, para encontrar um novo espaço.
“Não queremos deixar de fazer o que fazemos. Somos uma equipa de pés assentes na terra, que sabe o que quer fazer: ajudar artistas emergentes, que, de outra maneira, não faziam os seus concertos e não tinham os seus ateliers”, afirma Susana Rechestre, presidente do Núcleo A70, que dirige o Núcleo Criativo do Regueirão. “Queremos continuar, quer seja nos Anjos [freguesia de Arroios] ou noutro bairro.”
Para apoiar a continuação da associação e a mudança para um novo espaço, o Núcleo A70 lançou uma campanha de crowdfunding e já angariou quase dois mil euros. “Se calhar, se não existisse pandemia, conseguíamos juntar dinheiro para sair daqui através dos eventos. Agora, o dinheiro é escasso. Se nos mudarmos, temos de pagar cauções, fazer as obras que sejam necessárias no espaço, daí o pedido de ajuda”, explica Susana Rechestre. O ideal seria encontrar nova casa até Setembro, para permitir uma mudança progressiva até ao final do ano, acrescenta.
Estar de portas fechadas, numa pandemia, dizem, em comunicado, na sua página de Instagram, implica acumular dívidas, não pagar salários e um futuro incerto para o staff. “Hoje somos nós a precisar da vossa ajuda. Tudo o que foi, o que é e será. Lisboa resiste”, escrevem.
Segundo a presidente do Núcleo, o crowdfunding é uma “rampa de lançamento”, mas esperam angariar mais dinheiro quando, terminado o confinamento, reabrirem ao público. “Ainda mais importante do que o dinheiro é perceber que as pessoas estão connosco e não querem que o espaço acabe. Se formos para outro sítio, vão acompanhar-nos”, diz Susana em entrevista ao P3.
Para o Núcleo A70, declarar o fim não foi uma opção, essa conversa, garante a presidente, nunca existiu. “O espírito de equipa fez com que não fechássemos. Estávamos unidos e focados no mesmo objectivo: voltar a abrir.”
Em Julho de 2020, a direcção do Núcleo Criativo do Regueirão mudou. Saiu Catarina Querido, fundadora da Feira das Almas e da marca Anjos70, que via, no futuro da associação, um “beco sem saída”, e assumiu a direcção o Núcleo A70.
À excepção do Art & Fleamarket, mercado mensal, Catarina Querido já não está associada ao Núcleo Criativo do Regueirão, ou ao crowdfunding que agora decorre. Procura novos espaços para transformar a feira que organiza há quase uma década, e que não quer “deixar morrer”, num mercado itinerante em Lisboa. Abrirá, ainda, em Abril, a sua própria loja de roupa vintage, na Avenida Almirante Reis, paralela ao Regueirão dos Anjos.