Biden condena ódio contra asiáticos: “O nosso silêncio é cumplicidade. Não podemos ser cúmplices”
Presidente dos Estados Unidos disse ter sido “dilacerante” ouvir relatos sobre o medo de ataques raciais e criticou o seu antecessor por utilizar a designação “vírus da China” para falar do novo coronavírus.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, apelou esta sexta-feira à população para que denuncie actos de racismo, numa intervenção sobre violência racial contra asiático-americanos em que criticou a designação, por Donald Trump, do coronavírus por “vírus da China”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, apelou esta sexta-feira à população para que denuncie actos de racismo, numa intervenção sobre violência racial contra asiático-americanos em que criticou a designação, por Donald Trump, do coronavírus por “vírus da China”.
“O nosso silêncio é cumplicidade. Não podemos ser cúmplices”, disse Biden no final de uma visita, acompanhado da vice-presidente Kamala Harris, à cidade de Atlanta, onde esta semana oito pessoas, seis delas asiáticas, foram mortas por um atirador.
Biden disse ter sido “dilacerante” ouvir os relatos de legisladores estaduais e de líderes da comunidade asiático-americana sobre o medo de ataques raciais.
Harris, a primeira vice-presidente de origem asiática, filha de mãe indiana, prometeu continuar a “condenar a violência, crimes de ódio e discriminação, onde quer que aconteçam e seja qual for a forma que tomem”.
“O racismo existe na América. E sempre existiu. A xenofobia é real na América. O sexismo também”, disse Harris no final da visita.
Segundo a associação Stop AAPI Hate, entre Março e Dezembro do ano passado, foram denunciados online mais de 2800 actos racistas e discriminatórios contra a comunidade asiática nos Estados Unidos.
Durante a pandemia, aumentaram de forma exponencial os ataques contra asiáticos americanos, sobretudo mulheres, o que alguns especialistas atribuem ao discurso anti-China, nas redes sociais e até promovido pela anterior administração norte-americana – o ex-Presidente Donald Trump referiu-se sempre à covid-19 como o “vírus da China”.
Sem mencionar Trump, Biden disse esta sexta-feira que “sempre se soube que as palavras tinham consequências”.
“É o coronavírus. Ponto final, parágrafo”, disse o Presidente norte-americano.
Harris criticou que “pessoas de grande poder” tenham no último ano “feito dos asiático-americanos bodes expiatórios”, disseminando “o ódio usando os mais altos púlpitos”.
A Administração Biden pretende aprovar uma lei contra crimes de ódio relacionados com a pandemia, para fortalecer a capacidade de resposta do Governo a este tipo de casos e aumentando os meios ao dispor, particularmente, da comunidade de origem asiática.